quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Forte

                                             

Fiz mais exames e farei mais amanhã.
Fui aos consultórios do neurocirurgião, gastroenterologista e ortopedista.
O bicho pegando.
Há exatamente um ano comecei a ter problemas nos ossos e juntas: artrite, artrose, osteoartrite sistêmica (pelo corpo todo).
Segundo os médicos, o "normal" seria tudo isso iniciar agora, nos meus quarenta e cinco anos, e progredir lentamente e lá pelos sessenta ou setenta anos começar de fato a apresentar os sintomas mais graves. Mas tudo foi e está sendo precoce e muito rápido e isso é devido à minha doença de base, a Acromegalia.
Em maio do ano passado fui ao ortopedista com uma dor no pé esquerdo e desde então tenho retornado para mais exames, remédios, injeções no joelho e diagnósticos desagradáveis.
Estou meio chateada.
Estou me entrevando. Está difícil subir escadas sem apoio, sem corrimão. Está difícil levantar quando fico algum tempo sentada e/ou dirigindo, parece que tem um peso enorme puxando meu corpo e minhas pernas para baixo. Uso minha bengala e isso me ajuda a ter alguma estabilidade; tenho medo de cair, de ser empurrada por pessoas apressadas nessa e dessa Pauliceia Desvairada.
Relatei ao neurocirurgião meus problemas ósseos e o que disse e vem dizendo o ortopedista, e ele, o neuro, disse que essa evolução rápida é devido ao tumor que está em atividade. Ele pegou uma folha de papel e fez um desenho, simbolizando meu tumor e a área em que está. Ele disse que a Radiocirurgia feita em setembro de 2010 ainda faz efeito mas que se os exames de sangue mostrarem um número alto do GH (Growth Hormone - Hormônio do Crescimento) há a possibilidade de um novo procedimento, tanto radiológico quanto cirúrgico. Tudo depende da atividade e do tamanho do tumor e rezemos para que ele não cresça e não ultrapasse a barreira de segurança imposta pela radiação e pelo Sandostatin - LAR. Aliás, vou tomar mais uma dose na semana que vem.
Saí do consultório muito triste e até derramei umas lágrimas enquanto seguia pela Avenida Vinte e Três de Maio sempre congestionada, graças a Deus.
Mas eu disse ao neurocirurgião que o tumor não vai crescer e que faço uma nova Radiocirurgia numa boa, mas cirurgia convencional não faço de jeito maneira, jeito qualidade!
Tenho medo, pavor, angústia. 
Lembrar que fiquei em coma, lembrar do que vi e pelo o que passei no coma. 
Não, pelo amor de Deus, não!
Quero isso não.
Ainda tentei brincar para afastar a angústia: "Faço Radiocirurgia, DVDcirurgia, CDcirurgia, mas cirurgia convencional não!"
A gastroenterologista pediu vários exames: ultrassom de abdome, endoscopia, colonoscopia e biópsia caso necessário. Pediu também exames de sangue e de intolerância à lactose. Meu estômago tem doído muito nos últimos meses. Dor mesmo! Parece que tem um bicho se contorcendo enquanto me devora por dentro; é essa a sensação.
A Acromegalia piora o que já é ruim e além dos problemas ósseos também afeta estômago e a região intestinal (pólipos). Eu sempre tive uma péssima digestão e tive uma forte intolerância à lactose quando criança. 
A Acromegalia não se contenta em ficar só no tumor localizado lá num cantinho do cérebro, não. A Acromegalia estraga tudo, piora o que é ruim, intensifica problemas existentes... Doença do cacete!
Não, não bastavam as mazelas internas e as mudanças externas que deixam os ignorantes me olhando como se eu fosse de outro planeta, a Acromegalia quer mais.
Sou forte, sou guerreira e a Acromegalia não vai tirar essa força de mim. Não vai mesmo!
Já comi toucinho com mais cabelo, como dizia mamãe.
Sou mameluco
Sou de Casa Forte
Sou de Pernambuco
Sou Leão do Norte

                                        




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