sábado, 5 de janeiro de 2013

Visita Ilustre

                              

Minha irmã Rosi ligou ontem perguntando se eu iria sair hoje, sexta-feira, e eu disse que não, sexta-feira é dia de limpeza.
Ela perguntou se poderia deixar Beatriz algumas horas comigo porque ela ficaria a parte da tarde na lojinha do nosso irmão Fubá. Beleza.
Levantei cedo, fiz alguns dos movimentos que aprendi na fisioterapia para aquecer e ajudar a desentrevar, tomei meus remédios e saí da cama que nem múmia. Está difícil e doloroso.
Estou preocupada com minha situação, as dores estão mais intensas e duradouras, as articulações/juntas estão tão duras, pesadas e os remédios não ajudam muito.
Liguei para os médicos, mas só a partir do dia sete. Depois vem o Carnaval... O ano realmente começa depois do Carnaval. Oba, Oba! É o Brasil, o país do futuro.
Bom...
Beatriz chega, mas veio muito mais interessada em conhecer Cássio Antônio pessoalmente a ficar comigo.
Lemos trechos do livro "Diário de um Banana", assistiu TV, fez mil perguntas, perseguiu os gatos e fez inúmeros comentários. Senti uma certa insegurança em um "segredo" que ela me contou e isso me remeteu à minha infância não muito feliz. Fui feliz até os cinco anos sob o amor incondicional dos meus avôs José e Paipreto, lá em Pernambuco, mas ao pisar em terras paulistanas, me lasquei, como diria mamãe.
Sim...
Beatriz disse: "Tia Rejane, eu não sou alta?"
"Claro que é, Bibi! É por isso que eu te chamo de seriema, lembra?"
Perguntei porque ela me perguntara aquilo e ela disse que a filha de uma amiga da mãe dela disse assim: "Você tem seis anos?! Desse tamaninho?!"
Eu disse a ela para não ligar, isso é coisa de gente boba e invejosa e quando alguém falasse isso, ela deveria mostrar o cotovelo e dizer: "Você está com dor de cotovelo!", e se a parada engrossar, chama nóis.
Depois desse simples conselho ela disse que a TV estava chata e se poderia tocar alguns CD´s e eu permiti, claro. Mostrei-lhe alguns dos meus CD´s entre MPB, Rock'n'Roll, músicas étnicas (Irlanda, África, Cigana), Pop etc...
Ela ficou curiosa com a capa do CD dos Ramones e perguntou que tipo de música era aquela e eu disse que é Punk Rock; ouvimos. Depois ela quis tocar a trilha do filme "Eu, Tu, Eles", na voz de Gilberto Gil e depois ouvimos Gipsy Kings.
O vizinho tocava suas músicas horrendas e Beatriz perguntou se aquelas músicas eram legais; não, obviamente não.
Perguntei se estava com fome e ela pediu tapioca com coco e leite condensado. Depois foi ao quintal e me chamou, queria saber se as plantas eram de verdade ou de mentira e eu disse que não gosto de plantas e flores artificiais, só naturais. E ela desembestou a falar: "As plantas de mentira não têm cheiro e aí, os insetos vêm cheirar e são enganados. Não é justo, não é tia Rejane? As abelhas, as borboletas e as joaninhas voam um tempão e quando encontram as plantas, elas são de mentira, aí as coitadas perderam tempo, não é?".
Lembrei do livro "A Abelhinha Feliz", meu primeiro livro, presente da professora da terceira série, Dona Maria Thereza.
Segurou alguns gatos, os mais espertos sumiram; cheirou as flores, tomou água de coco e enquanto eu preparava a tapioca, pedi-lhe que abrisse o armário da cozinha e procurasse o leite condensado e o coco ralado e ela observou: "Nossa, tia Rejane, você compra bastante coisa, né? Parece casa de rico". 
Respondi-lhe que gosto de ver fartura, de não faltar nada, de procurar o que comer e encontrar, graças a Deus. Fez-me lembrar de quando mamãe voltava da casa do tio José de Recife com a sacola cheia de alimentos. Essa é uma das memórias mais fortes e emocionantes para mim.
Depois de comermos a tapioca fomos para a sala e ela pediu para usar o computador; deixei, claro.
Ela viu o ícone na tela e disse: "É o Google? Vou colocar uns jogos legais, quer ver? Têm três tipos de jogos, mas eu vou colocar o mais fácil porque você não vai conseguir jogar os outros, é muito difícil".
De fato, ela colocou um joguinho de fogo e água e eu era o fogo e obviamente, claramente, redondamente, caí na água e apaguei. Me atrapalhei com as teclas e não tenho essa coordenação de mão e olho,( "eye-hand coordination). Acho curioso e interessante como jogadores de jogos eletrônicos conseguem usar vários comandos ao mesmo tempo e seguir com o jogo; se fosse eu, o jogo duraria uma eternidade e ficaria para sempre na mesma fase, dá não.
Não tenho esse talento, sou ignorante assumida e só sei ler e escrever razoavelmente, e olhe lá.
São os tempos modernos.
Beatriz me visitou após muito tempo, geralmente eu que vou à casa dela, e essa menina linda, teimosa, inteligente e "terrivi" proporcionou algumas horas de paz em meio às artes e traquinagens e trouxe boas lembranças.
Em um dado momento me perguntei: "Onde é que desliga a pilha dessa menina? É muita energia, 'guento' não. Afe Maria!'.
Baixarei as fotos da ilustre visita a seguir.
É isso.

                               

                             




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