segunda-feira, 22 de julho de 2013

Mais um dia de domingo


                                   
Domingo de limpeza, perrengues com a molecada da rua e o bom e velho Rock 'n' Roll. Explico.
Fiquei só o dia todo e confesso que adoro, prefiro, amo ficar só algumas vezes. Quase sempre, é verdade.
Não sou um animal antissocial; meio, talvez.
Não sou uma ilha, uma península, talvez.
Ouço Rock enquanto coloco roupas na máquina, limpo daqui, tiro o pó dali etc... Mas de repente a máquina de lavar para, o aparelho de som desliga, as luzes piscam: Já sei! São os infames dos moleques com seus malditos pipas preso à rede elétrica. Droga!
Abro a porta e é claro, óbvio, público e notório que encontro os dois meninos dos vizinhos, os anjinhos, puros e inocentes a prender linha no fio e a puxá-lo. Queda de rede, claro.
Reclamei, falei, me arretei e entrei. 
Dali a poucos segundos escuto barulhinhos de pedra no telhado e advinha quem jogava as inocentes pedras? Os doces e inocentes meninos dos vizinhos.
São dois cão dos infernos, Deus me perdoe!
Reclamei, falei, me arretei, entrei e chamei a Polícia. Escuto uma ladainha até ouvir uma voz humana de verdade e ouço uma voz feminina que não percebe que a ligação completou e a ouço dizer gracinhas para os colegas e a rir alto. Era só o que faltava!
Falta de profissionalismo e desrespeito para com quem liga para o número 190.
Na boa.
Em poucos minutos a viatura chega e os simpáticos policiais perguntam o que está acontecendo. Relato toda a ladainha e o rosário de reclamações: Os técnicos da AES Eletropaulo levaram mais de três horas para consertar o fio; a molecada joga linhas no fio e o puxa, balançando-o e desligando-o; se queimar meus eletrodomésticos, os pais me pagarão/darão novos?; se eu tomar os pipas das mãos dos moleques, constituirá crime?; mas os moleques podem perturbar a paz do meu lar e eventualmente causar um curto circuito que queime toda minha parafernália doméstica? Existe lei contra isso? Se sim, de que lado está a lei?
Um dos policiais disse para eu fazer um B.O (boletim de ocorrência) na Delegacia e assim os pais desses diabos, digo, anjinhos, responderão processo.
Mas adianta? 
Tem pai que é cego. Tem pai que defende o filho com unhas e dentes mesmo sabendo que o moleque está errado e ainda justifica dizendo que o anjinho é apenas criança. Tá.
Bom...
Só sei que não está fácil e quando reclamei com a molecada, um deles me chamou de maluca.
Voltei para casa, fiz um bom e forte café, continuei minha limpeza dominical e ouvi o ótimo, o excelente Rock 'n' Roll, como suas magníficas guitarras e baterias poderosas. Lindo!
Ouvi um pouco de MPB também; ouvi Djavan, Titãs, Ira, Chico Science e Nação Zumbi...
Foi um bom domingo. Um domingo de solidão por opção, de limpeza, encrencas com a molecada, pipas e muito Rock!
Ao fim do dia, meus simpáticos e bregas vizinhos tocaram suas músicas horrendas nas quais o cantor mequetrefe parece ser fã dos gritantes e agudíssimos Zezé Di Camargo e Chitãozinho e Xororó.
Vão gritar no raio que os partam!
Na boa.
É isso.


                                          

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Brincar

                                   


Fui à casa da minha irmã Rosi e lá estava nosso sobrinho Vinícius, filho de nosso irmão Rogério. A família é grande, graças a Deus.
Eu pretendia conversar com minha irmã e contar e perguntar algumas coisas a ela, mas eis que chegou uma senhora e ambas começaram a conversar assuntos de seus interesses. Beleza.
Fui para a sala com meus sobrinhos Vinícius e Beatriz e começamos a brincar; enchemos bexigas, ou balões, e criamos uma competição: futebol com handball e volley. Fazia pontos quem conseguisse fazer com que a bexiga caísse na bacia plástica recém comprada por minha irmã. Seria uma mistura de gol com pontos.
Foi uma versão esportiva criada por nós e foi muito divertido.
Nos cansamos dos chutes e tapas na bexiga e resolvemos brincar de bingo dos animais. Eu confundia iguana com jacaré e hipopótamo com rinoceronte. 
Os animais são tão parecidos nas figuras do bingo e eu estava sem óculos...
Beatriz me chamou de "cegueta" e eu a chamei de seriema branca, galega azeda, branquela azeda e outros adjetivos e substantivos relativos à sua belíssima figura angelical.
Angelical só na aparência, Beatriz é uma danadinha linda, esperta e inteligente até demais. Menina "térrivi", como dizia papai.
Eu estava tão cansada e meio chateada, mas o brincar tão simples com meus sobrinhos me fez um bem tão grande. Bastou uma bexiga e uma bacia.
É isso.


                                         

Cardiologista

                               


Fui ao consultório da cardiologista, Drª Vera. Há dez anos sou paciente da doutora e gosto muito do seu profissionalismo, seriedade e respeito para comigo e todos os outros pacientes.
Eu havia mudado de convênio médico, o antigo estava dificultando muito as coisas e colocando muitos empecilhos para fazer exames e/ou agendar consultas. Troquei.
O convênio atual é mais caro e não é tarefa fácil pagar as mensalidades pontualmente; às vezes atraso alguns dias, mas o convênio oferece melhores hospitais, a liberdade de escolher médicos e laboratórios.
Fiquei animada ao descobrir que a Drª Vera aceita o convênio atual e que atende no consultório que fica no meu bairro! Isso é ótimo, não preciso mais ficar presa no trânsito da Marginal Tietê, Radial Leste, 23 de Maio... 
É, mas os neurocirurgiões continuam no mesmo lugar, na parte chique e nobre da Zona Sul.
Bom...
A cardiologista é paciente, ouve o que temos a dizer e sempre investiga quaisquer suspeitas aparentes; se encontrar algo diferente e que não seja de sua especialidade, nos encaminha para um colega que possa cuidar do problema. Foi assim que fiquei sabendo sobre os cálculos renais (pedra nos rins) e fiz as litotripsias.
Devo fazer exames de sangue e mais um ecocardiograma; já fiz o eletrocardiograma na própria clínica cardiológica. Muito mais prático.
Bom, reencontrei a cardiologista que gosto e confio e não voltarei mais ao médico com corpinho de caminhoneiro e simpatia zero.
Agora falta achar um endocrinologista.
É isso.


                                       


                                      


segunda-feira, 15 de julho de 2013

Genial

Ariano Suassuna
                                

Assisti a um vídeo de uma palestra do maravilhoso Ariano Suassuna. Cabra bom da peste! Genial.
Ariano Suassuna é um romancista e poeta nordestino; um senhor de oitenta e seis anos. Uma mente brilhante, inteligente, sagaz.
Durante a palestra Suassuna lê um trecho de um jornal que diz o seguinte: "Banda Calypso, preferência nacional... Chimbinha é um guitarrista genial..."
O jornalista que escreveu isso deveria ter o diploma apreendido!
A Banda Colapso, digo, Calypso, faz sucesso nas regiões Norte e Nordeste e assim como lixos semelhantes, atingiram São Paulo e fazem sucesso por aqui também, infelizmente.
Joelma, a cantora da banda, de voz horrenda, que parece a loira do banheiro, que usa modelitos bregas e infantis e que tem cara e jeito de quem manda no marido.
Chimbinha, o guitarrista, cara e jeito de corno manso, boca mole, mecha loira no cabelinho crespo é marido de Joelma.
Sou obrigada a ouvir esse lixo e outros daqui da minha própria casa; o vizinho toca as mesmíssimas músicas horrorosas todo santo dia!
Estou no trânsito e os carros tocam a mesma aberração sonora. É uma praga contra a qual não tem antídoto, o jeito é tocar as músicas das quais gosto muito: Rock 'n' Roll e MPB.
Voltando à preferência nacional... 
Não gosto da Banda Calypso e muito menos de suas músicas chatas e horríveis. 
Dizer que Chimbinha é um guitarrista genial é demais. Esse jornalista já ouviu falar de Slash, Jeff Beck, Jimmy Hendrix, Pete Townshend? Acho que não.
E que guitarra genial é essa que Chimbinha toca? O mesmo som repetitivo e enfadonho tal qual as músicas cantadas por sua esposa.
Eu sempre falo em respeito e educação, mas escrever os absurdos que o tal jornalista escreveu, aí já é demais!
É isso.

Abaixo: O casal vinte da Banda Calypso e ao lado o genial guitarrista Slash.




Pipas

                                 


Antes chamávamos pipa de papagaio, mas hoje é só pipa mesmo.
Os fios dos postes da rua estão cheios de linha, rabiola, pipas quebrados e as malditas pedras amarradas em linha, o famoso "réo-réo". Acho que é assim que se escreve. Sei lá.
Semana passada escuto barulhinhos vindos das telhas e logo imagino quem possa ser o causador da chata sonoridade: o doce e inocente menino vizinho. Óbvio!
Abro a porta e ele corre e se encosta no portão do vizinho, quando não se esconde atrás do carro do pai. Moleque sem caráter!
Estavam ele e um moleque bobão jogando essas pedras presas à linha na tentativa de pegar pipas presos aos fios de alta tensão. Dei-lhe uma bronca, o pai omisso não gostou e ainda me olhou feio.
No dia seguinte escuto outro barulho e vejo o mesmo doce e inocente menino acompanhado de outro amigo endiabrado, só que dessa vez eles haviam amarrado uma casca de banana no lugar da pedra.
Ficam na rua, olhando para cima, correndo sem prestar atenção em volta, sem tomar cuidado com os carros e tudo isso por causa de um pipa. Um dia isso ainda vai dar m...
Sábado houve queda de energia, mas voltou alguns segundos depois, menos aqui em casa. Só tinha uma fase e só as lâmpadas acendiam, mas as tomadas não tinham corrente. Fiquei sem TV, chuveiro, geladeira por mais de vinte e quatro horas. 
Liguei para a AES Eletropaulo e os técnicos chegaram por voltas das três da tarde de ontem e se puseram a trabalhar. Sinalizaram a rua, isolaram a área de trabalho e pediram para os doces e inocentes moleques se afastarem dali, mas ignoraram e continuaram a empinar seus malditos pipas. Um choque seria bem vindo numa hora dessa, Deus me perdoe!
O trabalho dos técnicos terminou só às oito da noite e tiveram que derrubar o fio para consertá-lo; havia vários cortes feitos com o cerol das linhas de pipa.
No carro da AES Eletropaulo tinha os seguintes dizeres: "Não empine pipas perto da rede elétrica. Cuidado: A rede elétrica pode matar!"
Mas até agora nenhum desses moleques morreu, nem mesmo um choquinho básico só para assustar. Deus me perdoe.
Essa rua parece que tem doce e atrai moleques sabe-se lá de onde! Quando não é pipa é futebol. Bloqueiam a rua com cones, correm pela rua sem prestar atenção, xingam quando alguém passa de carro, falam palavrões, lançam olhares ameaçadores... É um terror!
Se falamos com os pais, são crianças. Se chamamos a polícia, são "de menor".
E agora, José?
Não temos nem o sagrado direito de tirar ou guardar o carro na garagem porque os infames xingam se interrompemos seu futebol ou se buzinamos para que saiam do meio da rua. Imagina só se alguém atropela um diabo desses!
Muitos motoristas passam em alta velocidade e os xingam, mas a molecada xinga muito mais. É um festival de palavrões cabeludos.
O vizinho reclamou e um deles o mandou...
Mas esse desassossego todo tem um causador, é o pequeno, franzino, mal criado, desrespeitador, cínico, cara de pau, super protegido moleque vizinho. Esse é o cão figurado em gente, como dizia mamãe. Ele atrai a molecada do bairro todo, que apronta das suas e depois volta para o aconchego de seus lares e nós, os pobres vizinhos que querem sossego é que arcamos com o prejuízo.
Bom...
O fio foi consertado e a energia elétrica foi restabelecida em minha humilde residência. Hoje pude ouvir o bom e velho Rock 'n' Roll e comemorar meio tardiamente o Dia Mundial do Rock, que foi sábado, dia treze de julho.
É isso.


                                    

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Ocasião Especial

                                  


Liguei para minha sobrinha Maria Julia e perguntei se ela gostou do livro que lhe mandei pelo tio Fubá. Adorou.
O livro é "O Corpo Humano" e Maria Julia tem muito interesse em Ciências, Biologia e Matemática. Inteligente essa minha sobrinha.
Ela comentou o seguinte: "Tem uma foto de pulmões de fumante, sabia? É todo preto, credo! Sabia que o cigarro faz muito mal para a saúde? Foi um pessoal na escola e falou sobre tudo isso e disse que cigarro, álcool e drogas prejudicam a saúde das pessoas. Beber um pouquinho até pode, né tia Rejane? Mas só em ocasiões especiais".
Certo. Beber pouco e só em ocasiões especiais e se beber, não dirija.
Mas eu fiquei curiosa, o que minha sobrinha de dez anos entende por "ocasião especial"?
Tão linda.
É isso.





                                       

Macho e Fêmea

                                     
Boreal, menina.


Levei Boreal para uma consulta com o veterinário e no final das contas confirmou-se minha cisma: Boreal é fêmea.
Já contei a história dela aqui e o vizinho que deu-ma jurou de pés juntos que ela era macho sim sinhô! Eu disse a ele que ela era fêmea.
Bom, o importante é que ela está saudável, bem cuidada, feliz e muito amada, graças a Deus e a mim.
Eu comecei a desconfiar que a gata era gato quando percebi o súbito interesse dos gatos machos por ela, principalmente de Ébano Nêgo Lindo. Até pensei comigo: "Oxe! Será que meu neguinho lindo tem tendências homossexuais?!"
Tem.
Ébano se aproxima de Boreal e tenta assediá-la e aí fica aquela barulheira danada, mas quando ela se retira, ele procura Cássio Antonio. O interessante é que Cássio se submete ao assédio de Ébano que o agarra e age como se o outro fêmea fosse. Interessante.
E o pega pega segue o dia todo.
Um conhecido estava aqui em casa e brincou: "Leva esse gato para o Marcos Feliciano fazer a cura gay nele".
Acho que quem precisa de cura para homofobia é o próprio Feliciano!
Boreal será castrada na próxima semana; tive gastos com vermífugos, ração molhada e a consulta veterinária.
Para variar, o consultório fica no primeiro andar e tive que subir uma escada que parecia não terminar nunca! Lá encontrei algumas pessoas que aguardavam o atendimento e cada um tinha uma história sobre seus animais para contar. Legal.
Tudo terminado, volto para casa e volto muito cansada. Deitei-me no sofá para assistir ao Jornal Nacional, dormi pesadamente.
Que cansaço é esse, meu Deus?!
É isso.


Ébano, Boreal e Cássio
                                  
Ébano Nêgo Lindo e Boreal





quarta-feira, 10 de julho de 2013

Evolução

                                     


Limpava os aquários improvisados com a "ajuda" dos gatos e depois de tudo pronto coloco a comida para os peixes, até aí tudo bem.
Betanilson, o peixe macho, azul, exuberante, agressivo e lindo aprendeu que vai ser alimentado quando me vê aproximar do aquário. Ele se aproxima da superfície e exibe toda sua graça e beleza azul e, consequentemente, ganha comida.
Betânia, a fêmea, é mais discreta, tímida e espera quietinha junto à pedra que lhe serve de porto seguro e refúgio. 
Reparei que enquanto Betanilson nada e se exibe, Betânia fica sempre no piso do aquário, não achei palavra ou termo melhor. 
Observei que ela "anda" com suas barbatanas da barriga e usa as nadadeiras para manter o equilíbrio. Interessante!
Observei que o hábito de "caminhar" da peixinha é algo que ela faz com naturalidade e que vem sendo melhorado com o passar dos anos, décadas séculos, milênios, eras... É a Evolução das Espécies, de acordo com Charles Darwin. Da hora.
Comentei com um conhecido e ele achou estranho e "anormal" eu fazer esse tipo de observações. Anormal? Tu tem que me ver falando com as plantas, com os bichos, com o céu, com a Natureza...
E o que é normal?
Observo também o comportamento dos meus gatos e cada um tem sua personalidade própria. Acho muito bonitinha a relação de confiança, amizade, amor e até certa possessividade entre Ébano Nêgo Lindo e Boreal. Estão sempre juntos e quando não estão, basta um miado e pronto, um deles vem correndo ao encontro do outro. Lindo isso.
Aurora e Morena Rosa não podem me ver pegar as chaves que pensam que vão passear de carro. Adoram.
Se eu pego a colher e o prato deles, já sabem que vão ganhar ração molhada.
Às vezes penso que todos nós carregamos um mesmo código genético que nos une e nos iguala e o que nos separa são os graus de evolução. Acho que somos feitos da mesma matéria e reações químicas e físicas, mudanças geológicas, a Geografia e outros fatores nos moldaram e nos transformaram em espécies mais ou menos desenvolvidas, mas sempre carregamos aquela centelha que nos faz ser quem somos.
Sei lá. Meio maluco isso.
Tem gente que acredita na Teoria do Criacionismo, eu respeito. 
Eu acredito na Evolução.
Somos bichos estranhos e nem tão normais assim.
É isso.


                                      

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Uvas

                                 

Fui à casa da minha irmã Rosi e meu cunhado Pepê preparou mais um de seus deliciosos churrascos. Meu irmão Fubá levou um bolo recheado e eu levei um pão de ló, bolo sem leite.
Assistimos ao jogo do Corinthians e nos encantamos com as gracinhas da pequena Rafaela; foi uma tarde muito agradável.
Volto para casa e dou ração molhada para os gatos; eles não podem me ver segurando uma colher que já correm e se postam aos meus pés, pois sabem que é hora de comer. Lindos.
Depois de alimentar minha família felina sentei-me no sofá e liguei a TV para assistir ao Repórter Eco da TV Cultura, mas um cansaço brutal me derrubou e acabei cochilando. Acordei já no fim do programa e mudei de canal, coloquei no programa do Faustão e vejo um rapaz chato, com cabelos arrepiados, cantando musiquinhas cujas letras tolas, vazias e sem sentido falam de carrões e mencionam o nome do cantorzinho: Israel Novaes. 
Parece que esses cantorzinhos só sabem fazer musiquinhas de auto promoção e propaganda gratuita de marcas de carros. Mudei de canal; chega de tanta porcaria igual!
Volto ao programa do Faustão e vejo Gustavo Lima comentando sua participação no "Dança dos Famosos". Carinha convencido, meu! E chato, dentuço, narigudo  e orelhas que os fazem parecer um Fusca de portas abertas. 
Dor de cabeça volta no mesmo horário de sempre há mais de uma semana e me levanto e tomo os remédios; adormeço.
Acordo já no meio do Fantástico e fico indignada com a venda de túmulos em cemitérios do Rio de Janeiro. Não entendo porque alguém faz tanta questão de pagar mais de trezentos mil reais por um túmulo! O que tem de tão especial nisso? A morte nos iguala a todos e tanto faz ser enterrado em um túmulo de luxo ou numa cova comum, os vermes devorarão as carnes podres de pobres e ricos, bonitos e feios, famosos e Zé Ruelas. Bobagem
Vou para a cama e acordo à três da manhã com muita dor no joelho direito; o tempo vai mudar. Mudou.
Os dias mornos e ensolarados deram lugar à uma segunda-feira fria, cinzenta e chuvosa. Lindo.
Fiquei em casa. Têm dias que sinto vontade de sair e em outros eu quero apenas ficar em casa. 
Cozinhei feijão e temperei do jeito que mamãe gostava: cebola, alho e azeite; ficou bom. Fiz arroz e aproveitei o churrasco que minha irmã Rosi me deu.
Fui para a sala, deitei-me no sofá e os gatos vieram um a um e se acomodaram ao meu redor. Demos uma boa cochilada. Acordei, levantei e devorei um cacho de uvas sem semente. Delícia.
Daqui a pouco mais uma dose dos remédios para dor de cabeça e mais uma boa madrugada de sono com os gatos espalhados ao meu redor. 
Tomara que as dores não me acordem nem me incomodem essa noite; de novo não.
É isso.

                                       

domingo, 7 de julho de 2013

Encarregado

                               



Hoje os trabalhadores têm seus direitos garantidos, têm benefícios, sindicatos etc...
Mas no tempo de papai e mamãe as coisas eram diferentes e os trabalhadores só tinham obrigação e deveres, direitos quase nenhum.
Eu ouvia e prestava atenção a tudo o que papai, mamãe e os outros adultos falavam sobre o trabalho, os chefes, os patrões e os colegas e na maioria das vezes eu via e sentia o trabalho como um grande fardo e os chefes como grandes vilões malvados.
Os direitos do trabalhador eram poucos e eles tinham que chegar sempre no horário, atrasos eram muitas vezes punidos com demissões. 
O local de trabalho era um local de temor, de medo, insegurança, abuso de poder e arrogância por parte dos chefes e patrões, na maioria das vezes.
Era assim que eu via e sentia como era o trabalho ao ouvir as queixas dos adultos: Um lugar fechado e claustrofóbico, só entra e sai nos horários estipulados, funcionários obedientes e temerosos, chefes e patrões malvados.
A figura que mais me dava medo era a do encarregado. 
Mamãe e papai sempre contavam causos envolvendo a figura do encarregado e eu não sabia bem o que isso significava. O que é encarregado? O que ele faz? Por que ele é tão malvado? Por que ele atormenta os funcionários? Eu me fazia essas perguntas e muitas outras.
Eu imaginava o encarregado como um homem muito mau que ficava andando pra lá e pra cá e observando os trabalhadores e lhes impondo castigo caso cometessem algum erro.
Mamãe sempre falava de um encarregado chamado Wagner e ela dizia "Wagna". Segundo mamãe, o cara era ruim, era o cão figurado em gente. Cobrava demais dos funcionários, fazia relatórios sobre tudo e qualquer coisa, chamava a atenção das pessoas em meio a toda seção, xingava e humilhava. Hoje isso seria taxado como bullying, abuso de poder e assédio moral.
Um dia eu fui com mamãe até a firma onde ela trabalhava e estava doida para conhecer o terrível encarregado "Wagna". Eu queria olhar bem pra cara dele e dizer-lhe poucas e boas, principalmente para respeitar a mãe dos outros! Quem esse cabra pensa que é?!
Estou com mamãe na copa, era hora do café, e dali a pouco entra um homem bem magrinho, com barba e cabelo à la Gonzaguinha, que Deus o tenha.
Fico sabendo que aquele pau de virar tripa que tem mais cabelo na cabeça e na cara do que carne no corpo é o "Wagna", o encarregado terrível.
Olhei bem para ele, o observei, o medi de baixo pra cima e pensei comigo: "Oxe! Mas esse cabra tem que comer muito cuscuz e rapadura pra mandar em alguém!".
Mamãe tinha ido à firma para receber seus direitos; ia agora ficar em casa com a gente e eu adorei saber que de agora em diante esse encarregado metido a besta não iria mais encher a paciência de mamãe e o melhor de tudo era que eu podia ir para a escola sossegada, pois meus irmãos não ficariam mais trancados sozinhos em casa.
É isso.


                                


Trovejar

                                      


Assistia à previsão do tempo no telejornal e me lembrei de como reagíamos ao chover, trovejar e relampear.
Os raios rasgavam os céus, os trovões estrondavam e nos deixavam com muito medo e nossa avó Mâevelha andava apressada pela casa a nos dar ordens, a cobrir as imagens dos santos, a virar quadros e espelhos, a nos proibir de pegar ou chegar perto de objetos de metal, a nos mandar ficar quietos para que os raios e trovões passassem logo.
Segundo ela, quanto mais barulho e movimento fizéssemos,  mais fortes e barulhentos seriam os raios e trovões. Era melhor ficar todo mundo quietinho e caladinho, preferencialmente debaixo da mesa.
Nosso avô Paipreto balançava a cabeça e sorria.
A chuva passou, os raios e trovões se acalmaram e nossa avó abria cuidadosamente a parte de cima da porta para espiar lá fora. Estaria seguro? Será que choveria mais? Será que os raios e trovões voltariam?
Olhávamos e esperávamos ansiosos pelas respostas a perguntas não feitas, apenas pensadas e sentidas.
Nossa avó chamava mamãe e dizia: "Pode desvirar os quadros, descobrir os santos, o céu quilariô (clareou). Os meninos já podem ir para o terreiro (quintal) brincar".
Íamos, mas a qualquer sinal de chuva, raio ou trovão, corríamos para dentro de casa e nos escondíamos debaixo da mesa; estaríamos mais seguros lá.
Coisas nossas.
Às vezes dá sôdade (saudade).
É isso.

                
                                     


sábado, 6 de julho de 2013

Sono

                                     


As dores de cabeça voltaram e estão há uma semana a me atormentar. Gosto de ficar na cama de manhã, de assistir aos telejornais matinais e aos programas de culinária, mas hoje não deu.
Nem para cochilar deu. O infame do vizinho tocou suas músicas horrendas em um volume ainda mais alto que o de costume. Coisa chata!
Levantei, coloquei o lixo para fora, coloquei roupas na máquina, concertei os varais, limpei o quintal dos gatos e fiz meu café forte e doce na medida.
Lá pelas onze horas comi granola com iogurte de soja e pão de aveia. Delícia.
Meu irmão Fubá passou rapidamente com a pequena Rafaela, que ficava brava com os gatos que se recusavam a atender seus chamados. Tão linda.
Fiquei zanzando pela casa, fazendo as coisas, deitando um pouco, levantando... e assim foi o dia.
Agora à noite a dor de cabeça apertou legal e tomei os medicamentos e me deitei de novo no sofá. Alice agora pegou essa manina de se deitar em cima de mim e seus cinco saudáveis quilos pesam bem. 
Tenho dormido pouco, meu sono é muito inquieto e agoniado; tenho tido sonhos fortes e intensos. Algo está por vir. 
Vou tomar meu banho noturno e tentar dormir. 
Boa noite a todos.


                                     

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Dias de Sol

                                


Dois dias seguidos de sol. Lindo.
Aproveitei para lavar roupa, principalmente cobertores, edredons e lençóis. O problema são os gatos que mordem os varais até arrebentá-los, aí a roupa cai no chão e eles se deitam sobre elas. Tenho que lavar tudo de novo e ficar de olhos nos meus terríveis felinos.
O vizinho veio me dizer que uma das gatas da irmã deu cria e teve quatro gatinhos lindos. É a vizinhança da gataiada. Ainda bem.
Ele disse também que meus gatos são lindos, grandes, têm pelo macio e sedoso e perguntou também que ração eles comem. Reclamou do pequeno tamanho dos seus gatos e dos da irmã.
Acho que o problema está na ração, se houver um. Talvez seja a própria raça dos bichanos. Sei lá.
Mas eu falava sobre lavar roupas...
Mamãe adorava lavar roupas e eu gosto também. É uma terapia, às vezes.
Separar roupas de cor, brancas, delicadas, pesadas...
Transpiro muito durante a noite e geralmente preciso me levantar para trocar toda a cama e o pijama; até tomo outro banho de madrugada.
Já reparei que essa sudorese excessiva acontece quando acordo com fome de madrugada, quando janto muito cedo ou como muito leve. Acho que é preciso comer comida com "sustança", como diria papai. Deve ser isso.
Tenho tido muitos episódios de hipoglicemia (falta de açúcar no sangue) e não sei se isso é mais ou menos perigoso que a hiperglicemia (excesso de açúcar/glicose no sangue).
Não sei também se é isso que está causando toda essa transpiração noturna. Acordo com frio, fome, com o corpo molhado e os lençóis encharcados.
Jantei bem e espero que possa dormir sem ter que acordar no meio da noite sentindo fome. Comi arroz, feijão, batata, cenoura, tomate e filé de peixe. Estou com vontade de comer uma coisinha doce.
Amanhã terei um longo dia e tomara que o trânsito esteja bom como estava hoje à tarde; de manhã estava um caos.
A gataiada está deitada ao meu lado e estão todos encolhidinhos. Tão lindos.
Amanhã terminarei de lavar as roupas e precisarei concertar alguns varais.
É isso.


                                      

Café de Jacu

                             

Adoro café e me encanto com a enorme variedade de aromas e sabores, embora goste mesmo do tradicional, do bom e velho café forte e adoçado na medida.
Não gosto de descafeinado, de sabores adicionados e invencionices afins; café é café e pronto. Mais uma das muitas "inguinóranças" herdadas de papai.
Tomei uma vez um café com sabor de avelã e estranhei; gostei não.
Achei interessante, e meio nojento, dois tipos de café que são preparados a partir de grãos da planta retirados das fezes de animais. Um deles é o Kopi Luwak, um café colhido das fezes de um animal da Indonésia, o civeta.
Civeta é um animal que parece uma mistura de gato selvagem com doninha. O bicho come os grãos do café, defeca e depois esses grãos são colhidos, limpos, torrados, moídos e se transformam no café mais caro do mundo, chegando a custar até seiscentos reais por meio quilo.
Eu pago em torno de nove reais por meio quilo do ótimo café Melitta Fazenda, meu favorito. 
Outro café animal, literalmente, é o café do Jacu, uma ave que vive no Pantanal Brasileiro.
O processo do café do jacu é o mesmo do Kopi Luwak e é estranho se imaginar tomando um café desses.
Não, não. Obrigada. Prefiro meu café colhido ao modo tradicional, direto da planta.
As pessoas têm gostos tão estranhos algumas vezes. Já imaginou? Caviar, trufas (fungos), café de fezes animais, vísceras animais, fetos animais... É cada coisa.
É isso.