terça-feira, 16 de outubro de 2012

Abraço

                                

Sonhei com papai.
Eu caminhava pelas mesmas ruas por onde caminhei em outros sonhos e papai me entregara um pedaço de pão.
Era um dia agradável, ensolarado e bonito. Encontrei algumas colegas da faculdade e passei por uma agitada rua de comércio.
Caminhava, caminhava e caminhava...
Um carro azul vinha no sentido contrário e era dirigido por minha irmã Rosi que levava papai ao médico.
Rosi descia do carro e pedia para eu pegar o volante; papai estava ofegante, fraquinho, cansado, magro. Observava a pele clarinha, enrugada, flácida, cheia de pintas nos braços de papai.
Eu pedia para ele se acalmar, eu o levaria ao médico e ele ficaria bem. Tudo ficaria bem.
Papai colocava o corpo para fora e me abraçava. Um forte abraço. Abraço de aconchego, acalanto.
Acordei com o barulho intenso dos caminhões que passam rapidamente e balançam as casas da vizinhança.
Não acordei triste nem chorando, como sempre, acordei bem.
Acredito que papai me "devia" esse abraço e após dá-lo, prosseguiu em seu caminho de evolução e aprendizado.
Papai seguiu seu caminho e segui o meu.
Continuei caminhando e acordei no nosso mundo "real" de obrigações, responsabilidades, culpas, dor, mágoas, alegrias, esperanças, reparações e a certeza de que dias melhores virão.
Deus, receba bem papai e cuide bem de sua saúde. Papai estava tão fraquinho...
Papai ficará bem.
Nós todos ficaremos bem.
Amém.

                                   

                              
                             

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