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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Na ativa

                            



Volto à ativa depois de um tempo meio parada.
Fui à clínica, tomei as injeções, falei com o médico, peguei mais um laudo, levei para escola, fui ao banco para pagar as contas e, como era de se esperar, sobrou conta e faltou dinheiro, graças a Deus.
Voltei para casa, liguei para o Estadão; não recebi os jornais de ontem e de hoje. Serão entregues, disse a simpática atendente.
Beleza.
Os efeitos das injeções começam a se manifestar: sono, moleza, cansaço e ânsia de vômito. 
Já tomei bastante água. Aliás, o que mais tem espalhadas pela casa e pelo carro são garrafas d'água. Adoro água, sou a Maria das Águas e não à toa nasci no dia 22 de março, o Dia Mundia da Água.
Encontrei o coordenador pedagógico quando chegava à escola, muito simpático. Falei com o diretor, entreguei o laudo para a secretária, fui abraçada pela inspetora de alunos e fui cumprimentada por alguns dos danadinhos. Saudades...
Vontade louca de subir aquelas escadas, entrar em uma sala de aula, responder às mesmas perguntas de sempre, desde que aluno é aluno e professor é professor: "É pra copiar?... Vai valer nota? Que dia é hoje? É para fazer em dupla? Pode ser dupla de três? Por que a senhora nunca falta?"
E por aí vai...
Mas a senhora aqui tem faltado muito, tem sido afastada muito, tem problemas de saúde muitos, causados por uma doença rara de múltiplas facetas.
Derrubei algumas lágrimas externas; disfarcei.
Desabei por dentro, levantei os olhos aos céus e perguntei: "Deus, por que tu tá fazendo isso comigo, mano?"
Deus é brasileiro, paulistano e corinthiano. 
É nóis.
Senti-me só. Tão só.
Pego o telefone, procuro alguns nomes na agenda, os mais próximos. Estão desligados, fora de área, na caixa postal...
Queria ouvir uma voz, apenas dizer alô, dizer que está tudo bem, falar sobre o tempo, as chuvas, alguma coisa, qualquer coisa.
Consegui falar com meu irmão caçula, que é muito rápido e prático, pelo menos comigo: "Tá tudo bem?... Tá... Então tá bom..."
Deveria ir ao supermercado, mas não deu. Não tenho condições, estou mole, cansada...
Volto para casa, desço para abrir o portão, sou recebida pelo meu séquito felino. Minha terrível Aurora vem na frente, claro. Senta-se em meu colo, me faz um chamego, senta-se no banco do carona enquanto guardo o carro.
Entro em casa, encontro meu negão lindo moído, cansado, sonolento. Não tem jeito, por mais eu fale, peça, ameace botar de castigo, meu neguinho lindo é marrudo por natureza.
Vou deitar um pouco, minha cabeça dói.
Minha alma também.
É isso.



                                   

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Mingau, Margaridas e Brincadeiras

                               



Molecada jogando bola na rua.
Caminhões pesados e barulhentos.
Vizinhos que falam alto, que tocam música em alto volume e ainda cantam junto. É bizarro.
Alimentei a gataiada, tomei os remédios, fiz papa (mingau) de aveia. Em nosso Pernambuco usamos outros termos e expressões e água com açúcar é garapa, caldo de cana é caldo de cana mesmo, mingau é papa, canjica é mugunzá e curau é canjica...
A nossa papa pode ser feita com vários ingredientes diferentes, dependendo da época, da fartura, da seca ou da miséria que a falta de chuvas traz. Minha Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Mingau com leite e amido de milho (Maizena), com leite e farinha de mandioca, com leite de coco, com água e farinha de mandioca quando o tempo é ruim e "munto difici".
Deitei-me e andei por lugares de céu azul e ventos frios. Fui até a casa amarela de quintal grande e com um corredor estreito, frio, escuro e cheio de margaridas que bailavam ao sabor dos ventos.
Observava esse bailar e acordei ao ouvir meu nome sendo chamado por mamãe.
Mãe?!
Fui ao quintal dos fundos e por um momento imaginei que talvez mamãe estivesse ali a mexer nas minhas plantas e dizer: "Benza Deus. Mas que plantas bonitas, filha".
Mamãe não estava. Só o céu azul e o vento frio a balançar as folhas das minhas plantas.
Por que mamãe não esperou só um pouquinho mais?
Às vezes penso, perdoa-me Deus em minha ignorância, que talvez tivesse sido melhor se eu tivesse ficado lá na casa verde azulada com mamãe, minha avó Mãevelha e meu avô Paipreto. 
Na casa verde azulada tem muitas plantas bonitas... e tem paz...
Adormeço e vejo papai e mamãe conversando civilizadamente. Numa boa, sem brigas, sem atritos. Que bom, meu Deus.
Acordo com barulhos e correria pela casa; é Aurora. Minha Aurora terrível a provocar os outros gatos para correr atrás dela. Ela adora brincar de "pega-pega" ou "pique-esconde".
E nessa brincadeira lá se foram bibelôs derrubados e quebrados, livros caídos, sofá arranhado, correria e alegria.
Aurora!
Ela para por um segundo, me olha como que me perguntasse: "Posso continuar com a bagunça?"
Claro que pode.
Eles brincam e eu me divirto com a liberdade, a paz e a alegria que me transmitem.
Mingau, margaridas, brincadeiras... O dia começa a melhorar.
É isso.




                                       



quinta-feira, 20 de junho de 2013

Carro

                                 
Aurora, minha Aurora


Sempre somos rápidos para julgar aqueles que cometem erros aparentemente tão tolos ou sem explicação: Mas como isso pode acontecer? Como? Por quê? Nossa!
E por aí vai.
Ficamos horrorizados com as histórias de pais que esquecem seus próprios filhos dentro do carro e na maioria das vezes, infelizmente, o resultado disso é trágico e triste. Meu Deus.
Mas esses pais não esqueceram seus filhos por querer e não fizeram isso de propósito, foi uma fatalidade.
Estamos todos tão habituados a seguir um caminho e a ter uma rotina que não nos damos conta do que estamos fazendo, apenas fazemos. Nos transformamos em autômatos e agimos como tal e se algo sair daquela rotina tão programada, certamente terá sérias e tristes consequências.
É a correria, a rotina, o trânsito e o caos do dia a dia. É a vida nas grandes cidades.
Falo sobre esse assunto porque algo semelhante me aconteceu noite passada, foi com um dos meus gatos, mas foi assustador e me culpei muito por isso. Entendo e respeito os pais e mães que passaram por isso e tomara Deus que esse tipo de coisa não aconteça mais. Amém.
Minhas gatas Aurora e Morena Rosa adoram passear de carro e todos os fins de tarde dou carona para um conhecido que mora no bairro. É um trecho bem curtinho, mas cansativo para um idoso e uma aventura para minhas gatas.
Volto do passeio e abro a porta do carro para Aurora sair, mas Rosinha havia se deitado debaixo do banco e lá ficou.
Fechei o carro, apaguei a luz da garagem, tranquei a casa e segui minha rotina doméstica. Mas sentia que algo estava errado, algo me inquietava.
Antes de me deitar conferi todos os gatos e pensei que minha Rosinha estivesse em sua cadeira ao lado das plantas no quintal dos fundos. Fiquei tranquila; é um dos lugares favoritos dela.
Amanhece o dia e não vejo Rosinha na cama comigo e nem a me pedir comida; fico preocupada.
Vou ao quintal e não a encontro; vou a garagem e nada. Pensei que talvez alguém a tenha levado consigo. A vizinha me chamou uma vez e tomou Rosinha das mãos de um maluco que queria levá-la para casa.
Rosinha é muito meiga, simpática, graciosa e linda, claro.
De repente tive um estalo: Vou olhar dentro do carro.
E lá estava ela! Graças a Deus!
Rosinha tinha se enfiado debaixo do banco para se proteger do calor que faz dentro do carro. Está frio, mas o sol sobre as telhas gera um mormaço sufocante dentro do carro preto.
Abri a porta e ela saiu apressadamente. Correu para os potes de comida e água, estava bem. 
Agradeci ao Criador de todas as coisas, agradeci ao Povo lá de Cima, pedi desculpas a ela.
Minha Rosinha estava bem e passou uma noite dentro do carro, se fosse um dia não sei se aguentaria. Não quero nem pensar nisso.
Vou ficar mais atenta e ainda bem que nada demais aconteceu. Ainda bem.
É isso.

                               
Morena Rosa, minha Rosinha



segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Desaparecimento

Minha Aurora, a terrível, linda e favorita
                                  

Fui ao supermercado para comprar minhas frutas e legumes, entre outras coisas. Confesso que saí de casa com medo da chuva; o céu estava escuro, com nuvens carregadas e relâmpagos furiosos.
Santa Clara clareai esses ares...
Não choveu, graças a Deus. Minha casa está em paz, meus gatos estão paz.
Mas percebo que minha inteligentíssima, linda, esperta, terrível, arteira e favoritíssima Aurora não está. Meu São Lázaro! Cadê minha gata?!
Sempre que saio e volto para casa encontro todos os seis gatos atrás da porta a esperar por mim, mas dessa vez minha Aurora não estava. 
Fiquei agoniada, avexada, aperreada... Elevei meu olhar aos céus e pedi a São Lázaro que trouxesse minha gata sã e salva e se Lázaro estivesse ocupado, que delegasse a função aos santos ou entidades que estivessem mais próximas e disponíveis. Só quem ama sabe o que é desespero.
Faço minhas orações e acendo velas para o povo todo do céu; penso que quanto mais gente procurando, melhor.
Tiro as compras das sacolas, guardo, organizo, como uma besteirinha, tomo banho e escuto um miado e uma patinha mourisca empurrando a porta do banheiro; era minha Aurora, graças a Deus! Agradeço a Todos.
Fico mais calma, estão todos os seis em casa comigo; assisto TV, vou para a cama e leio três edições da revista Galileu e finalizo a leitura do livro "A Volta do Jovem Príncipe" de A.G Roemmers.
O sono finalmente chega e adormeço cercada pelos meus adoráveis felinos.
É isso.


                                         

                                        Oração para Aviadores - Manuel Bandeira

                                        


Santa Clara, clareai

Estes ares.
Dai-nos ventos regulares,
de feição.
Estes mares, estes ares
Clareai.

Santa Clara, dai-nos sol.
Se baixar a cerração,
Alumiai
Meus olhos na cerração.
Estes montes e horizontes
Clareai.

Santa Clara, no mau tempo
Sustentai
Nossas asas.
A salvo de árvores, casas,
E penedos, nossas asas
Governai.

Santa Clara, clareai.
Afastai
Todo risco.
Por amor de S. Francisco,
Vosso mestre, nosso pai,
Santa Clara, todo risco
Dissipai.

Santa Clara, clareai.

domingo, 30 de setembro de 2012

Corujas, Gatos Pretos, Lobos

                                   

Falei aqui sobre o preconceito e ignorância em relação a animais de cor preta, principalmente gatos. Mas não são apenas os felinos que sofrem com esse misticismo tolo e sem fundamento, outros animais também.
Havia levado Aurora à clínica veterinária para fazer ultrassom do aparelho urinário e enquanto a segurava, conversava com os veterinários. Falávamos sobre preconceito, ideias bobas, crendices e tolices afins em relação a determinados animais e um dos médicos disse que estagiava em uma cidadezinha do interior paulista onde havia muitas corujas-de-igreja; as pessoas da cidade diziam que quando coruja pia é sinal de que alguém vai morrer e que por isso mesmo deveriam ser destruídas. Quanta ignorância!
Todo dia morre alguém, é o ciclo da vida, e isso não é "culpa" de nenhum animal. Tenha santa paciência!
Outro animal que foi perseguido durante muito tempo é o lobo, tanto que teve que ser reintroduzido nos Estados Unidos.
O pior animal é o bicho homem. Bicho que destrói, mata, dizima e ainda cria histórias estapafúrdias para incriminar animais inocentes.
Que mal poderia nos fazer um bicho só por causa da cor de seu pelo ou de seu canto?!
O que faz muito mal é a ignorância aliada ao preconceito.
Gatos, corujas, lobos e outros animais são apenas animais e não têm o dom ou o poder de causar mal a quem quer que seja. Quem inventa, complica e estraga tudo é o pior dos animais na face da Terra: o Homem.
Estamos em pleno século XXI (21) e o povo ainda cai nessa esparrela. Oxe!
É isso.

Coruja-de-igreja
                                   

                              

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Andanças

Rafaela
                                         

Ontem bati os quatro cantos do mundo, andei mais que "tiradô de esprito", como dizia mamãe. Fui ao laboratório fazer exames, fui ao ortopedista, voltei ao laboratório para a segunda parte dos exames, fui à clínica veterinária para buscar o laudo médico de Aurora e depois fui ao Pet Center da Marginal para comprar a ração da gataiada. Ufa!
Aurora está se recuperando bem, graças a Deus.
Ainda passei na lojinha do meu irmão Fubá e beijei muito as pernas e os braços roliços de Rafaela, que está cada dia mais linda.
Adoro meus sobrinhos mas tenho queda maior pelas sobrinhas; meu cunhado Pepê havia notado isso. Acho que é porque eu quis tanto ter minha própria filha, Mariana, mas como ela não veio, eu "babo" nas sobrinhas. É uma forma de compensação.
Bom...
Saí de casa bem cedinho e a chuva que caíra no alvorecer dava um clima natalino ao dia. Sei explicar não, só sei sentir.
Subi pela Rua Tuiuti e admirei os eucaliptos do Parque do Piqueri molhados de chuva; lembrei do perfume exalado por eles. Borboletas coloridas passeavam pra lá e pra cá, um espetáculo de dança. 
Passo pela Melo Peixoto e observo a relva coberta de pequenas flores amarelas; lindo.
Jacarandás e Ipês floridos, lindos. O roxo das flores do jacarandá mimoso contrastava com o cinza do céu chuvoso. Das paineiras começam a brotar folhas novas e em breve teremos o espetáculo de suas flores róseas.
Então...
Fui ao ortopedista e levei exames pedidos pelos outros médicos; mudei de convênio, como já citei.
Cheguei ao local e de cara não gostei da desorganização das recepcionistas, era um "Toma lá da cá dos infernos"; cada uma que pegasse um documento, uma ficha; um caos. Pensei comigo: "Se eu não gostar do médico não volto mais aqui, muita bagunça".
Aguardo ser chamada e observo o teto decorado com gesso trabalhado em desenhos elegantes e antigos. O consultório fica em uma "casona" bonita no Tatuapé; casa antiga dos tempos em que prédio era coisa rara na região e só tinha no centro da cidade, mas hoje a ZL está invadida por prédios lindos e novinhos em folha. Prefiro casa.
O médico me chama e faço um breve relato do meu histórico: acromegalia, cirurgias, hipertensão, artrodese.... O doutor foi bem simpático, direto, sincero e papo reto, bem ao contrário do médico caminhoneiro e do médico galã. 
Ele leu os laudos dos exames e disse: "Palavras bonitas e difíceis mas que se resumem a um único problema: artrose". Gostei do cara, meu.
O doutor ortopedista foi muito claro e não usou de metáforas para explicar o caso; gosto assim. Ele disse que o remédio que atualmente tomo para controle da artrose está aumentando minha pressão; por isso que essa infame não sai do 17x11 de jeito nenhum! Os anti-inflamatórios aumentam a pressão.
Ele mudou para um medicamento mais leve e disse que devo fazer hidroginástica e fisioterapia pelo resto da vida. Já estou ficando "véinha" e com o avançar da idade o entrevamento das juntas só piora. A fisioterapia é processo longo e lento mas as melhorias são para sempre. 
O ortopedista ainda fez piadinha: "Evite chás e ervas do 'Tio João', se erva fosse boa, vaca não ficaria doente". Rimos.
O doutor tem pacientes mais idosas que adoram um chazinho e uma ervinha, no bom sentido, claro. Sabe essas pessoas que adoram simpatias, chazinhos e garrafadas e outras gororobas indicadas por "entendidos"? Tem sempre alguém que conhece alguém que tem problema igualzinho o nosso e que fez isso ou tomou aquilo e melhorou! Nossa!
Sou meio cética com essas e outras coisas, embora respeite.
É isso.
Voltarei.

                                

sábado, 22 de setembro de 2012

Aperreio, Estrada e Frutas

Estrada
                                      

Detesto finais de semana, não sei por quê.
Sei sim, talvez não queira saber que sei muito o porquê.
Elucubrei de novo.
Bom...
Adoro dirigir, pegar estradas sem destino, sair por aí.
Levei Aurora para fazer ultrassonografia e constatou cistite, inflamação na bexiga. A primeira veterinária que a examinou foi bem simpática, mas como hoje era folga dela fui atendida por seu colega que queria me dar lição de moral. Oxe, mas o cabra não sabe com quem está bulindo! Queria me "homilhar", me "creticar" e abater minha moral. Presta não!
Não sou de barracos, sou educada até demais, mas se a pessoa vem se engradecer pra cima de mim, dá certo não. 
Constatada a cistite em Aurora o doutorzinho veterinário vem me dizer indiretamente que sou eu a culpada pelo problema de saúde de minha gata favorita em todo  o Universo e em todas as Galáxias.
Ele disse que a ração é inadequada e eu respondi-lhe muito educadamente, mas com fogo saindo pelas ventas, que compro rações comerciais e caras e não compro qualquer raçãozinha porquêra por aí não senhor. Fiquei foi aperreada!
Disse-lhe ainda que se for assim, então somos todos vítimas de propaganda enganosa pois essas rações são caras e prometem nutrição completa e balanceada. Que culpa tenho eu? 
Procuro dar o melhor possível para meus gatos e ainda falei para o "dotôzinho" que se uma pessoa se propõe a cuidar de uma vida, seja ela humana ou animal, tem que fazer o melhor; e é exatamente o que faço. Só cuido aqui de vidas animais, humanos dão muito trabalho e são complicados  por demais.
Voltei para casa com Aurora e dei-lhe a medicação prescrita; ela está bem melhor, graças a Deus. Já faz suas artes e seu terrorismo contra Preta Maria.
Saí de novo e fui à farmácia para comprar meus remédios e na volta decidi rodar mais por aí. Peguei um pequeno trecho da Via Dutra e saí no acesso para a Rodovia Fernão Dias que por sua vez bifurca e dá acesso à Ponte Aricanduva. Nesse trecho havia muitos caminhões que traziam mercadorias como frutas, plantas, coco, vassouras de palha e até botas de couro cru que parecem as botas do Jeca Tatu. 
Mas não vi mais esses caminhões e fiquei sabendo que a fiscalização proibiu o comércio na área; só podem agora caminhões pequenos. Tá.
Parei atrás de um caminhãozinho que vendia frutas a preços convidativos e comprei abacaxis, melões, laranjas e morangos; queria uvas também, mas haviam esgotado. Que pena.
Voltei para casa carregada de frutas e já saboreei algumas. Dei a segunda dose do remédio de Aurora e estou com Ébano Nêgo Lindo no meu colo, é um dengo só.
Já é fim de uma belíssima tarde.
É isso.

                                    

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Veterinária

                                  

Aurora amanheceu doentinha, tinha dificuldade para urinar e quando conseguia, urinava muito pouco e com sinais de sangue. Fiquei muito preocupada.
Aurora ficou quietinha, amuada e desanimada e logo ela que é tão ativa, esperta e "terrivi".
Liguei para a clínica veterinária e levei minha Aurora para consulta.
Aguardei alguns minutos e enquanto aguardava, observava em volta. Os minutos pareceram horas, eu estava preocupadíssima com minha gata favorita de todo o Universo e todas as Galáxias. Só quem sabe o que é amor pode entender.
O funcionário me chama para fazer o cadastro e enquanto forneço os dados necessários percebo duas imagens de santos na prateleira dos remédios: Santa Rita de Cássia e São Francisco de Assis. Pedi-lhes que cuidassem de minha Aurora e que nada de mais grave acontecesse com ela. Chorei. Estou ficando chorona por demais, minha Nossa Senhora! Será a idade? A Acromegalia? Tudo junto? Sei não.
A veterinária pede para eu subir mas eu tenho dificuldades e um funcionário da clínica me ajuda, ele sobe com a gaiola de Aurora.
A simpática e agradável veterinária examina minha Aurora e constata que ela está com inflamação na bexiga, por isso tem dificuldade para urinar. Diagnóstico feito e a primeira dose da medicação é aplicada na minha gata; desço para comprar os remédios receitados pela médica veterinária e para acertar a conta. Devo retornar sábado para fazer um ultrassom em Aurora para ver se as pedras ou cristais instalados em sua bexiga podem ser removidos com remédios, permita Deus que sim.
A veterinária me orientou a mudar a alimentação de todos os gatos e disse que essas rações mais comerciais têm grande quantidade de sal o que mais cedo ou mais tarde prejudica a saúde dos bichinhos. Cachorros também sofrem com o mesmo problema.
Saí do consultório mais aliviada e trouxe Aurora medicada e sonolenta, precisei sair mas fui agoniada, avexada e aperreada, será que ela ficaria bem até eu voltar? Permita Deus que sim.
Voltei depois e encontro Aurora caminhando pelo quintal e perseguindo Preta Maria e ao perceber que cheguei, minha terrível favorita correu ao meu encontro, se esfregou em minhas pernas e me olhou com seus enormes olhos de gato selvagem. 
Ela estava melhor, graças a Deus.

Santa Rita
São Francisco
                                           


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Cachorrada

Adoro animais e isso é público e notório.
Cuido bem dos meus bichos e eles não têm do que reclamar, graças a Deus.
Inclusive, li alguns artigos falando sobre o comportamento dos gatos e alguns detalhes me chamaram a atenção: gatos que "mamam" em cobertores e tecidos fofinhos, gatos que não aceitam outros na mesma casa, gatos que comem matinho e depois vomitam.
Entendi o porquê de Aurora "mamar" do velho e puído edredom; ela foi tirada brutalmente de sua mãe e foi alimentada com mamadeira, não teve a oportunidade de mamar naturalmente.
Ébano Nêgo Lindo tem ciúmes de Léo Caramelo e por isso o persegue. Alice come o matinho que cresce na calçada e depois vomita, isso é para limpar seu estômago das possíveis bolas de pelo que se formam com as lambidas que os gatos dão quando tomam seu "banho de língua".
E falando ainda sobre edredons, cada gato tem o seu cobertor, paninho, edredom ou equivalente favorito. Interessante como os bichos pensam e fazem suas escolhas.
Mas o pior bicho mesmo é o bicho gente. Explico.
A vizinhança tem cães e gatos e tenho um vizinho que passeia com seu cachorro logo cedo pela manhã e o problema é que o canino faz suas necessidades na minha calçada! Falta de educação e respeito!
Meus gatos têm suas caixas de areia e não sujam a calçada de ninguém!
Mamãe dizia que cocô é dinheiro, se for verdade, serei muito rica pois o que encontro de caquinha na calçada todas as manhãs.
Bom, já lavei a calçada, veremos amanhã.
É isso.
                                                      
                                         

domingo, 12 de agosto de 2012

Grade

Minha gata Aurora tem medo de pular a grade do portão. Ela se esfrega em minhas pernas, mia dengosamente e espera que eu abra o portão para que ela possa passear pela calçada e comer o matinho que cresce por ali.
Quando se sente acuada, Aurora entra no quintal do vizinho e aguarda a tempestade passar.
Fiquei pensando e achei curioso e estranho esse medo de Aurora, ela que é tão inteligente, tão esperta, tão "terrivi", como diria papai.
Mas depois lembrei de como ela chegou até a mim e pelo que ela passou. Acho que ficou marcada e registrada em sua memória a crueldade feita a ela e aos seus irmãozinhos pelos alunos da escola onde trabalho.
Os alunos pegaram os filhotes e os jogaram pela grade de um portão de uma casa onde havia um enorme cachorro; Aurora só escapou porque minha colega chegou a tempo para salvá-la.
Acho que é isso. Só pode ser isso.
O mundo anda tão complicado.
É isso.

Aurora
                                                

sábado, 19 de maio de 2012

Surpresa Agradável





Lavava a garagem; algum FDEM (filho duma égua manca) fez caquinha na minha calçada. Pode?!
Tanta calçada livre, mas a minha foi a escolhida. 
Mas segundo dizem, fezes significa dinheiro. Tomara, pois vejo todos os dias; dos meus gatos, da cachorrada da rua e agora de algum adulto abestado.
Bom...
Vejo Fubá e Rafaela se aproximando e adorei vê-los.
Rafaela faz charme, chora se eu a pego no colo, mas sorri para mim quando está de volta aos braços do pai.
Fubá trouxe-me uma bela bolsa feita na Bolívia, ele comprou com Preta durante a viagem que fizeram à Foz do Iguaçu e aos países da Tríplice Fronteira: Argentina, Paraguai e Brasil.
Rafaela veio vestida em uma roupinha de Tigrão, o gato rajado/listrado amigo do ursinho Winnie the Pooh. Linda!
Raspei uma maçã e ofereci à Rafaela e ela comeu uma metade inteirinha. A maçã estava bem docinha.
Dei a Rafaela um livro infantil com figuras de animais de fazenda. É para ela ler quando for dormir (bedtime stories). Ela gostou, levou os bichinhos à boca e babou todos; ela está na fase oral.
Quem não gostou muito da visita surpresa foi Aurora. Ficou enciumada, brava, invocada; deitou-se de costas para mim e ignorou meus chamados. Fui até ela e disse-lhe que tenho muito amor para todos: sobrinhos, gataiada e família. 
Aurora ainda está magoada, enciumada e ressentida comigo, mas daqui a pouco acredito que faremos as pazes.
É isso.


                                               

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Bebê

Aurora quando tinha quinze dias de vida
                                 
Aurora completou um ano de idade e está linda, saudável e terrível.
Aurora tomava mamadeira, pois só tinha dois ou três dias de vida quando foi adotada por mim.
Era tão pequenininha, frágil, chorona, carente e me seguia pela casa quando percebia que eu ia sair. Me cortava o coração deixá-la sozinha até eu voltar do trabalho, mas era preciso. Mas quando eu chegava a enchia de mimos e cuidados.
Hoje é tão inteligente, esperta, manhosa e charmosa.
Minha Aurora.


Aurora, Branca e Alice quando bebês

Aurora descansando
                           

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Bolo de Aniversário


Bolo de coco

                                           

Há exatamente um ano tenho a companhia, o amor, o carinho, o chamego, o dendo, o lundu e todas as artes e artimanhas de Aurora, minha favorita.
Fiz um bolinho básico de coco para comemorar a tão singela data.
Daqui a duas semanas será o aniversário de Alice Maria e Branca Maria e farei mais um bolinho básico de aniversário. Chocolate? Talvez?
É isso.





Aurora no meu ombro
Aurora descansando
                                                






                                     

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ébano

Já chegou chegando. Até parece que já me conhecia.
Entrou em casa, correu pra lá e pra cá, mexeu nas plantas; se aconchegou no meu colo (o que causou uma fúria ciumenta das gatas, principalmente de Aurora).
Ébano era da vizinha, que apenas dava-lhe água e ração. Mas Ébano queria e precisava de mais. Miava muito, subia na máquina de lavar e miava olhando em direção ao meu quintal. Eu colocava a escada perto do muro e conversava com ele e acho que foi isso que fez aumentar a vontade de Ébano de fazer mudanças em sua vida.
Falei com a vizinha, que tem um menino de 3 anos com problemas respiratórios, disse a ela que seria melhor deixar o filho crescer e ficar mais forte para poder ter saúde para cuidar de um animalzinho. Ela concordou comigo e passou-me Ébano por cima do muro.
Ébano come, bebe, brinca, dorme e é perseguido por Aurora, a Terrível. Mas ele parece gostar dessa perseguição e ela também.
Cansados, ambos se aconchegam num cantinho fofo e confortável e dormem o sono dos justos.
Hoje pela manhã a vizinha comentou que Ébano não miou de noite e nem estava miando naquele momento.
Disse à vizinha que não basta apenas comida e água, precisamos também de comida e água para o espírito. Carinho, amor, frescura, mimos e manhas em doses certas para todas as criaturas.
Era isso que Ébano tentava dizer à sua antiga dona, mas ela não entendia.
Eu entendi.

Ébano Panda Massimino Da Silva
 

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Palavras



Voltei do trabalho agora a pouco. Tento organizar a casa, deixar as coisas em ordem.
Não pretendia escrever hoje, mas algumas situações me fizeram mudar de ideia.
Uma vez li um texto no livro de Língua & Literatura do Ensino Médio que me marcou até hoje. Era um texto sobre o poder das palavras; o poder que elas têm de levar um homem ao deleite ou espicaçá-lo até a morte. Eu tinha 15 anos e esse texto ficou gravado na minha memória assim como as belíssimas letras de canções de Zé Ramalho e Djavan. Lembro-me de "...Eu entendo a noite como um oceano que banha de sombras o mundo de sol. Aurora que luta por um arrebol de cores vibrantes e ar soberano..."
Entrava na sala de aula e vi escrito na lousa esse trecho da canção Beira-Mar de Zé Ramalho e encantei-me.
Ouvi no rádio AM de papai a bela e poderosa canção Faltando um Pedaço de Djavan:
"O amor e a agonia cerraram fogo no espaço, o cio vence o cansaço e o coração de quem ama fica faltando um pedaço..." Essas belas palavras cantadas nas belas vozes de Djavan e Zé Ramalho me elevam ao deleite ainda hoje.
Temos cada vez menos cantores de verdade.
Sempre as palavras...
Sejam elas escritas, ditas, sugeridas, insinuadas. Sempre o poder destruidor ou deleitoso das palavras.
Li algo agora a pouco que me desconcertou.
Por que as pessoas insistem em viver presas a um mundo particular onde elas estão sempre certas e o restante da humanidade está errado? Elas são as vítimas e os outros são os vilões?! E aí de quem tentar mostrar um outro ponto de vista a essa pessoa!
Não creio que as pessoas façam o que fazem sem querer; creio que fazem de caso pensado. Tudo calculado, concebido, manipulado. É uma coisa maquiavélica, maniqueísta mesmo. Mas o que mais me incomoda é o fato de a pessoa ofender e magoar o outro e depois agir como se nada tivesse acontecido. Tudo bem? Tudo bem nada!
Mas de quem é a culpa? Da Sociedade, da educação?
Será mesmo, Jean-Jacques Rousseau que o homem nasce bom e a Sociedade o corrompe?
Mas e se continuar no erro mesmo sabendo que pode e dever mudar? E se optar por viver no mesmo mundo infantil e tacanho, onde todas as mazelas são culpa dos outros?
O desperdício de talento e inteligência; o comodismo, a preguiça desmedida. Meu Deus!
Bom...
Estava a caminho da escola e parei para um senhor passar. Ele puxava uma carroça e deveria estar procurando material reciclável. Atrás de mim para uma mulher nervosinha que buzinava para eu sair da frente. Não podia sair; esperava o senhor completar sua lenta caminhada. E além do mais essa criatura mal educada deve desconhecer a Lei do Trânsito que obriga motoristas a dar preferência aos pedestres.
Fiquei observando o idoso enquanto ele esperava uma chance para atravessar. Vinha carro de todos os lados.
Era um homem negro ou (afro-descendente, se assim o preferirem) que aparentava uns 70 anos. Roupa velha e puída. Nos pés um par de sandálias gastas, muito usadas. A boca sem dentes, os cabelos brancos.
Respirava com dificuldade, fazia um esforço grande para puxar aquela carroça que ainda não estava cheia.
O que mais me marcou em sua aparência frágil, envelhecida e sofrida foi o olhar. Um olhar melancólico de alguém que quer, precisa e merece descansar, mas que não o faz porque tem que trabalhar para no mínimo sustentar algum marmanjo crescido que não tem a mesma coragem e disposição para trabalhar. Vejo muitos casos assim: idosos trabalham para sustentar filhos e netos acomodados. Idosos que deveriam descansar após ter criado seus próprios filhos, mas que agora têm que criar os filhos dos filhos.
Mamãe dizia: "Mateo que o pariu, Mateo que o balance".
Não sou contra esse comportamento, sou contra o comodismo e a exploração de idosos que deveriam descansar e não trabalhar.
O comodismo e cara de pau de gente saudável que tem a coragem de usufruir de um salário mínimo de gente que trabalhou o máximo!
Meu Deus!
As palavras...
Falei com o médico hoje e ele pediu novamente, mais uma vez de novo a liberação para a cirurgia. Temos que aguardar. Mais palavras...

Preto Velho

 O senhor afro-descendente que vi puxando carroça lembrava um Preto Velho.
Trabalhador. Sofredor. Forte.
Que Deus abençoe a todos nós. Sejamos pretos ou brancos, velhos ou jovens. Amém