Ligo a TV e assisto às notícias do dia: violência no trânsito, incêndios em favelas, assassinatos de policiais e de civis inocentes.
Que mundo é esse, minha Nossa Senhora?
A violência cresce e se espalha como um câncer, sem dar muita chance de sobrevivência.
Todo dia é assim: violência, mortes, incêndios...
Parece que isso já formou um padrão: violência, mortes, incêndios...
Quando teremos notícias boas?
Vidas inocentes perdidas, interrompidas.
Lares desfeitos, destruídos, queimados.
E agora, José? E agora, Marias, Pedros, Paulos, Antônios...?
É esse o mundo que nós criamos?
Um mundo consumista, descartável, fútil. Um mundo de aparências. Um mundo de pessoas que adoram ostentar e exibir o que têm. Tantas riquezas materiais e tanta pobreza de espírito, tanta solidão, vazio.
Fome de um lado e desperdício do outro.
Tantos morrendo de fome enquanto outros gastam fortunas com dietas malucas.
Que mundo é esse?
Pessoas apressadas, estressadas, impacientes, agressivas, violentas. Tanta pressa pra quê? Pra gerar mais violência?
Parece que voltamos às origens boçais onde cada um tem que defender seu território e para isso precisa eliminar o outro para garantir a sobrevivência sua e de sua prole.
Somos boçais no trânsito, nas relações humanas.
Humilhamos o outro para nos divertir; basta ver os programas da televisão.
Somos obrigados a ter nosso descanso interrompido por músicas tocadas em altíssimo volume; é aquela coisa: "Eu estando bem, o resto que se exploda".
Não é bem assim não!
O direito de um acaba quando começa o do outro.
Todos temos direito à diversão, à ouvir nossas músicas, mas isso não quer dizer que podemos incomodar os ouvidos alheios ao nosso bel prazer. É muita falta de educação!
E por falar em mundo e música, lembrei de uma canção do Queen que fala sobre o mundo complicado que criamos e vivemos: "Is this the world we created?", "É esse o mundo que nós criamos?"
Será que podemos reconstruir? Melhor?
Espero que sim.
É isso.
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Queen |
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Preta Maria |
Estamos no século XXI (21), o século da tecnologia, do conhecimento, do estreitamento das relações humanos, da aldeia global. Será?
Na Baixa Idade Média, século XIV (14), a peste bubônica dizimou um terço da população europeia; a peste bubônica é causada pela pulga de ratos.
A falta de higiene, muito comum à época, somada à ignorância e ao fanatismo religioso, isso na minha opinião, foram os principais causadores e espalhadores da peste pela Europa, explico. Os ratos procriavam e se espalhavam abundantemente pelo continente porque os gatos foram perseguidos e banidos pela população porque acreditavam que os felinos era animais diabólicos, principalmente os gatos pretos.
Sem os gatos, seus principais predadores, a rataiada fazia a festa e suas pulgas causaram a morte de milhares de pessoas.
A infestação da peste negra ou bubônica dava-se mais rapidamente pelo fato de as pessoas lotarem as igrejas e rezarem pedindo perdão de seus pecados; a proximidade dos corpos era o facilitador da epidemia.
O nome Peste negra ou bubônica da-se porque surgem protuberâncias (bubos) azulados na pele.
Bom...
Falei sobre isso porque na noite de quinta-feira, quando eu ainda estava adoentada, escuto uma voz chamar: "Professora!". Olhei no relógio e já passava das vinte e duas horas; abri a janelinha da porta e vejo meu aluno segurando desajeitadamente um gatinho preto, pergunto o que houve e ele diz: "Esse gatinho apareceu no meu quintal e eu estou com medo dele porque ele é preto e tem cara de mau. Gato preto dá azar, não dá, professora?"
Abri a porta e fui ao encontro do meu aluno munida com potes de água e comida e disse a ele que o que dá azar são o preconceito, a ignorância e o medo infundado de coisas que não conhecemos e acreditamos só porque alguém disse. Animais não são maus, são criaturas inocentes que usam suas defesas para protegerem suas vidas e sua prole.
Enquanto conversávamos, o gatinho, que depois vi que era gatinha, devora o pote de ração. Deixei-a na garagem e preparei uma caminha fofa e confortável, coloquei mais ração e outro pote com leite.
Amanhece o dia o percebo que minha gata Branca Maria não dormiu em casa e nem apareceu para o café da manhã e está sumida desde então. Já fui de casa em casa e perguntei aos vizinhos se alguém tinha visto minha gata branca; um dos vizinhos me pergunta se tenho um gatinho pequeno para doar, pois sua esposa quer um bichinho para fazer-lhe companhia. Disse-lhe que tenho uma gatinha pequena, filhote ainda, e ele pergunta que cor que ela é, pois se ela for preta, a esposa não vai querer. Uma outra vizinha havia oferecido um cachorrinho preto, mas a esposa também recusou.
Eu disse: "O senhor me desculpe, mas isso é preconceito e ignorância. Bichos pretos não dão azar, pois se Deus criou todas as coisas, criou bichos pretos, brancos, amarelos...Isso é muita ignorância e preconceito bobo por parte de sua esposa".
Penso comigo: "Se o cabra está lascado a culpa é do gato preto?! Me pópi!, como diria papai".
Voltarei a oferecer a Preta Maria a quem quiser e não tiver preconceito, mas acho difícil que a aceitem.
Além disso, ela já se apegou a mim e hoje pela manhã eu a procurei e pensei que tivesse passado pela grade do portão e ido embora, mas não, a espertinha estava deitada confortavelmente em minha cama, para horror e ciúmes de Aurora e do resto da gataiada.
Continuei com meus afazeres e me senti mal, tomei o remédio da pressão e deite-me um pouco, estou cochilando e sinto uma coisa fofa ronronar, era Preta Maria encostada em mim e lançando olhares graciosos de cumplicidade.
Acho que ela quis agradecer pelo acolhimento, pelo alimento do corpo e da alma, por eu não ter preconceito besta, graças a Deus.
Meu Paipreto dizia e já falei aqui que Deus manda seus anjos ou alguém lá de cima disfarçado de bicho para ver como nós o tratamos.
Assisti a um programa no Animal Planet sobre um homem que mora há vinte e cinco anos no Alaska cercado por wolverines e não achei má ideia.
O bicho homem é tão complicado, tão tacanho e tão preconceituoso, minha Nossa Senhora! E isso porque é o animal racional e o ser superior! Superior em bestagem? Oxe!
Estou brutalmente cansada, fisicamente e emocionalmente. Estou cansada de parar o trânsito, o movimento, as pessoas e não por causa da minha estonteante beleza, mas sim por causa da minha aparência acromegálica.
Sou humana, demasiado humana.
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Preta, Preta, Pretinha |
Fiquei "ruim" esses dias, como dizia mamãe.
Comprei uma farinha láctea genérica e não me caiu bem; logo de cara não gostei da aparência e para piorar, misturei leite de vaca ao suspeito alimento. O resultado não poderia ser outro: vômito, mal estar, fraqueza, tontura e uma série de outros sintomas.
Eu sempre compro farinha láctea Nestlé, a mais tradicional no mercado, mas acontece que fui a um mercadinho simples do bairro e que só vende marcas mais baratas para atender ao público consumidor da região e comprei o que tinha; não deu certo.
A farinha láctea genérica parecia areia e quando misturada ao leite ficou parecendo massa de pedreiro, dava para encher qualquer reboco. Juro! Dei duas colheradas e joguei fora, nem os gatos quiseram.
Isso foi de manhã.
Saí à tarde com minha irmã Rosi para ir ao banco pagar as contas e depois ir à casa dela para tomar seu forte e amargo café; todo mundo reclama da falta de açúcar, menos eu.
Mas acontece que o carro começou a falhar e a "tremer" e tive que parar e estacionar e chamar o guincho. Liguei para o seguro e fiquei na espera ouvindo a infame musiquinha; desliguei e liguei de novo umas quatro vezes, cansei. Resolvi ligar para corretora de seguros e lá falei com uma funcionária que conseguiu agilizar mais rapidamente a chegada do guincho, acho que se eu estivesse esperando ser atendida pelo seguro estaria lá até agora.
O guincho fazendo a manobra e atrás dele para um abestado reclamando e pedindo que saísse logo da frente, não me contive e movida pelo stress deixei a elegância de lado e disse: "Oh abestado, vou tirar o carro da frente como?! Não está vendo que o carro está quebrado? Oxe!"
O motorista do guincho, um senhorzinho muito simpático, caiu na gargalhada e aproveitou para contar um causo semelhante: Ele socorria uma moça que era lutadora de Jiu Jitsu e o outro motorista envolvido na batida era um taxista metido a machão; resumo da ópera: o taxista machista ficou pianinho perante às habilidades esportivas da jovem condutora de veículos.
Ele ainda riu quando eu disse que é por essas e outras que não ando armada, valha-me minha Nossa Senhora!
Carro guinchado e levado ao mecânico que descobriu o problema: impurezas no combustível entupiu um bico "não sei das quantas" e isso fazia com que o carro falhasse e "tremesse". O mecânico limpou o tal do bico e o carro voltou a funcionar normalmente, graças a Deus.
Volto para casa e me sinto muito mal; ainda tento fazer as coisas mas me dá uma fraqueza tremenda, deito-me um pouco. Durmo profundamente e acordo com uma ânsia enorme e passo o resto da noite correndo para o banheiro. Chás, água de coco, suco, Mylanta e Buscopan fazem parte do ritual.
Fiquei mal pra caramba e dormi o dia inteiro.
Hoje acordei bem, graças a Deus.
Fui ao banco pagar as contas mas só consegui pagar metade, pois apareceu a seguinte mensagem na tela do caixa eletrônico: "Saldo insuficiente, sua pobre!".
Só faltou aparecer o "pobre".
Esse mês tive despesas extras e o dinheiro não deu, "Si ferrei!".
Mas paguei as contas mais importantes, como aluguel, seguro do carro, plano de saúde e a fatura do cartão de crédito. O mais importante mesmo foi ter comprado a ração da gataiada e dos peixinhos.
Amanhã será outro dia e será melhor. Amém.
É isso.
Perdoem-me o título, mas causou-me irritação saber sobre um certo concurso que elegerá a bunda mais bonita! Teve até candidata desclassificada por usar implante de silicone; a bunda tem que ser natural, minha filha!
Meu Deus!
É o que mais temos hoje: concursos bizarros de beleza. E o pior é que o número de candidatas é imenso! Todo mundo quer se inscrever, todo mundo quer se exibir e mostrar o corpinho e o cabelinho bonitinho, todo mundo quer ser celebridade.
Por que não há mais concursos sobre conhecimento, literatura ou algo em que use o cérebro e não a cara, a bunda e outras partes?!
Estamos nos tornado um país babaca que investe e se orgulha de suas mulheres fruta, bundudas, boazudas e burras. Somos um país burro.
Aliás, uma coisa que não entendo e abomino é o fato de as pessoas, principalmente os homens, dizerem coisas como "gostosa... fulano comeu ciclana..."
Acho isso horrendo e de um desrespeito enorme!
Gostosa/o para mim é comida, é bebida, é alimento.
Come-se comida, alimento sólido, porque se fosse líquido, bebe-lo-íamos.
Não somos antropofágicos, não comemos gente, não somos canibais.
Que país é esse?
Noite mal dormida, levanto-me cedinho, tomo banho, tomo meu café, pego a papelada para a perícia médica e para a Farmácia Alto Custo e saio.
Dois carroceiros param em frente à casa do vizinho que insiste em colocar o lixo pra fora em dias que o caminhão do lixo não passa! Resultado? Lixo espalhado por toda a parte por cachorros e carroceiros; nojento.
Um dos carroceiros pega uma caixa de suco, abre e leva à boca para sorver o restinho do líquido; termina e diz para o outro: "Não te falei que sempre dá pra achar uma coisinha de comer ou beber?"
Aquilo me doeu.
Sigo pela Marginal Tietê e pela Radial Leste que milagrosamente estavam com trânsito bom às sete horas da manhã! Mas na volta estava tudo parado. Nada é para sempre mesmo.
Cai uma garoa bonita e a observo enquanto aguardo o farol abrir; um motoboy passa velozmente e dobra meu retrovisor e isso porque eu estava parada! Está com pressa? Sai mais cedo, abestado!
Chego ao local da perícia, mostro papelada e documentos e subo para a sala e aguardo; a TV estava ligada e mostrava imagens dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
Vidas inocentes foram destruídas. Pais, mães, tios, primos, irmãos, esposos, amantes e tantas outras pessoas que perderam suas vidas de repente, sem saber o que estava acontecendo, sem saber o porquê. Meu Deus.
Em inglês as datas são escritas de modo diferente, primeiro coloca-se o mês e depois o dia: 9/11 (nine/eleven - mês nove/dia onze). Dia 11 de setembro, nine eleven.
Juntando o mês nove com a data onze, fica 911 (nine one one), o número discado para emergências como polícia, ambulância e bombeiros. Quem pensou nisso foi mesmo uma mente doentia e cruel.
Tenho lido muita tolice, muitas palavras carregadas de ódio e muita crueldade sobre os ataques terroristas ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001. Comentários absurdos como: "Bem feito para esses americanos idiotas!; Se fosse contra outro povo ninguém falaria nada, só porque foi contra americano!..." E a barbaridade continua.
Mas não foram só americanos que perderam a vida, muitos outros povos de muitas outras nacionalidades também, inclusive brasileiros!
Quanta estupidez!
Americanos, brasileiros, orientais, africanos, indianos, latinos, hispanos, negros, judeus ou seja lá qual for a denominação, são todos humanos e têm direito á vida!
Que falta de caráter e do que fazer, também, julgar o outro baseado em sua etnia, sua religião, sua cultura ou o que quer que seja!
Tem muita gente boba, que se acha dona da verdade, que acha bem feito e até comemora quando tragédias desse porte acontecem. E se algo assim acontecesse em seu próprio país?! E se as vidas de seus entes queridos fossem destruídas?
Mas será que gente assim é capaz de gostar de alguém?
Como disse e repito: Respeito é minha palavra de ordem e se não gosto ou não concordo com o modo como as pessoas vivem, professam sua fé ou qualquer outra coisa, tenho mais é que respeitar.
O mundo tem lugar para todos e cada qual com seu modo de viver.
Na boa. Na paz. No respeito.
Que tenham paz as vidas que se foram nesse ataque e que tenham esperanças as vidas que sobreviveram a ele.
Amém.
Dia muito quente para o Inverno, aliás, esse ano quase não tivemos frio aqui em São Paulo; dias quentes típicos de verão.
Imagino como será o Verão, minha Nossa Senhora.
Detesto calor, não me dou-me com o calor, como dizia mamãe. Adoro as agradáveis temperaturas em torno dos quinze e vinte graus, acima disso é insuportável.
Dia quente, chato, sufocante e barulhento: vizinhos lavando carros com WAP; vizinho ouvindo música no carro enquanto a esposa dentro de casa ouvia música também! Somou-se o barulho do aparelho WAP, das músicas sendo tocadas ao mesmo tempo, o calor do caramba e o bebê da vizinha chorando...
E é sobre o bebê que quero falar, já falei sobre vizinhos musicais e barulhentos.
Esse menino é a segunda criança a morar nessa casa e a me causar preocupação e compaixão. Já falei sobre o outro menino cujos pais não se toleravam e o ignoravam, como se o moleque tivesse culpa.
Esse caso é de um bebê de cinco meses que chora muito e a mãe não sabe como lidar com ele, acredito eu. Eu penso que talvez ele esteja agoniado pelo calor, está com roupa "quente", está com sede, com fome, com dor, com qualquer problema. A mãe grita com o ele, manda-lhe calar a boca e ameaça-lhe bater. Pensei comigo: "Se essa desnaturada ousar bater em um bebê inocente, eu pulo esse muro e lhe dou uns cola-brinco!".
Mas ainda bem que não. Esse modo "carinhoso" é o único modo com o qual a mãe sabe lidar com o filho; é gritando, ameaçando, mandando o bebê calar e ficar quieto.
O bebê é bem tratado nos quesitos alimentação, higiene e cuidados médicos; tomas as vacinas direitinho e nisso a mãe faz seu papel.
Mas acho que o mais importante é amor, paciência, tolerância... Afinal, penso com minhas "inguinóranças", se o cabra não tem paciência nem para criar um bicho, vai colocar filho no mundo pra quê?!"
Outra coisa que detesto e abomino nas pessoas é essa mania besta de colocar apelidos nos filhos e os chamarem por nomes constrangedores; a vizinha dizia para o bebê: "O que é que você quer seu feio?".
Cresci ouvindo essa @#$%! e até hoje é difícil acreditar quando me dizem o contrário.
Apelidos que podem parecer engraçadinhos para quem os coloca e para quem ri deles mas para a pessoa vítima desse desrespeito, não é nada engraçado!.
Apelidos como: "Cabeção, feioso, zureia, quatro zóio, pezão..." não são engraçados para quem já sofre com o tal do bullying. Na minha época era provocação o nome dado ao bullying.
Bom...
Quando o pai do bebê chega a história muda, o bebê sorri mais e o pai faz gracinhas, conversa com o filho e o leva para passear pelas ruas; o pai disse que o bebê sabe quando é hora de dar uma voltinha.
Lembro de um professor de Psicologia que dizia não existir instinto materno e isso fora criado pela igreja para convencer a mulherada de que devem cuidar de seus pimpolhos.
Não sei se concordo ou discordo totalmente, mas sei que vejo muita mãe "seca", insensível, que não demonstra afeto pelo filho, que o deixa com qualquer um ou até mesmo trancado em um carro enquanto ela vai ao Shopping ou ao boteco atrás de um namorado.
Até me lembrei de uma música cantada divinamente por Elis Regina: "Como nossos pais"
"Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo,
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais..."
Dia seis de setembro foi aniversário de meu irmão Fubá e minha irmã Rosi comprou alguns salgadinhos, refrigerantes e um bolo para comemorarmos a data.
Esperamos e esperamos pelo nosso "demorante" irmão e ele finalmente liga e diz que foi convidado para jantar com uns amigos; beleza.
Rosi decidiu, com nosso total apoio, a comermos o bolo e os salgadinhos que por sinal, estavam deliciosos e no dia seguinte, o sete de setembro, levaríamos outro bolo para Fubá.
O primeiro bolo havia sido devorado e comemoramos e bebemoramos sem o aniversariante; Rosi comprou outro bolo.
Fomos à casa de nosso irmão Fubá e lá, entre bolo, pães de queijo, café, leite, sucos e outras guloseimas, desatamos a tagarelar e a relembrar os bons e maus tempos de nossas infâncias.
Falamos sobre prioridades, necessidades, carências, ausências e tantas outras coisas.
Lembramos de quando papai ia conosco para comprar nosso material escolar e só comprava metade e dizia que "para o mês" compraria o resto, nunca dava para comprar naquele dia, naquele momento; voltávamos tão tristes e decepcionados para casa. Para papai, prioridade era ter sempre o maldito maço de cigarro e a caixa de fósforos no bolso. Papai também dizia que era melhor "comprar um quilo de carne do que comprar um livro para um filho", que era bobagem botar filho na escola, que isso que aquilo.
Definitivamente, educação dos filhos não era prioridade para papai! Prioridade era manter o "bucho" cheio, o café, o cigarro e as "inguinóranças".
Lembrei das feiras com mamãe e das ubíquas banana e laranja; maçã, pera, uva, melão e outras frutas eram só para os ricos, nós tínhamos que nos contentar com o que tínhamos e dar graças a Deus. Uma vez tentei pegar uma maçã, mas o moço da barraca gritou e larguei o tão desejado fruto.
Já falei sobre essas coisas aqui, mas repito as palavras de Renato Russo na música "Quase sem querer": "Sei que às vezes uso palavras repetidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas?".
Meu sonho era ter um Bamba Cabeção, um Kichute, um tênis Daytona e sandálias Melissa, mas eu me contentava com o bom e velho Conga e sandálias Havaianas que outrora só calçavam pés pobres e hoje são coisa de rico e famosidades.
Meu irmão Fubá tem um mercadinho e muitos fregueses anotam o que compram para pagar depois e quando chega o dia do pagamento, esses pais vão acompanhados dos filhos que pedem para comprar doces, balas e outras guloseimas apreciadas pelos pequenos, mas os pais dizem que não dá para comprar, que devem largar aquilo, que não é importante. Mas esses mesmos pais pagam por bebidas alcoólicas e cigarros que custam muito mais que um doce ou uma bala. A prioridade para eles é ter seu vício satisfeito, sua cachaça e seu cigarro garantidos e os filhos ficam de lado, pois não são prioridades e nem tão importantes quanto o prazer oferecido pelo fumo e pela bebida.
Sempre me pergunto porque pessoas assim colocam filhos no mundo.
Para mim, prioridade é ter uma boa alimentação, educação, respeito, amor e cuidados para com aqueles que dependem de nós e não pediram para nascer.
Mas o mundo anda tão complicado e as pessoas tão cegas de consciência, vazias de amor, inertes ao respeito...
É isso.
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Kichute |
Fiquei e estou bastante animada com meu blog e sua utilidade pública, de certa forma.
Muitas pessoas comentam minhas postagens, as acham engraçadas, elogiam minha memória e fazem perguntas sobre a Acromegalia: como descobri, se fiz cirurgias, quais sintomas, se estou curada etc... Fiz várias cirurgias e não estou curada, a doença e o tratamento são para sempre; controlamos com exames e remédios e cirurgia quando necessária.
Como já falei aqui e vivo falando para as pessoas, a Acromegalia não é apenas um tumor localizado na hipófise, glândula que fica na base do cérebro e que é responsável por muitos hormônios e sua regulagem, a Acromegalia afeta praticamente o corpo inteiro e tem suas consequências: crescimento ósseo, fadiga, diabetes, hipertensão, pólipos intestinais, perda da visão quando o tumor está muito próximo do nervo óptico, artrite, artrose, osteoartrite sistêmica, sudorese, alterações de humor, ganho de peso etc...
A Acromegalia é uma doença rara de nome estranho e por isso também é conhecida como doença do crescimento, mais alguns detalhes: em crianças e jovens em fase de crescimento a Acromegalia é chamada de doença do crescimento, pois esses jovens crescem exageradamente e ultrapassam facilmente os dois metros de altura, já em adultos o crescimento da-se nas extremidades (pés, mãos, cabeça) porque a fase de crescimento deles já passou.
Outro detalhe até que engraçado é o fato de "encolhermos", explico. Além do ganho de peso, nossa altura parece que fica menor; o tórax fica mais largo e isso dá a impressão de que perdemos alguns centímetros na altura. Torna-se difícil fechar/abotoar as camisas que outrora serviam sem nenhum problema, pois o peito/tórax está mais largo.
Eu amo camisas e tenho algumas, principalmente brancas, mas está difícil abotoá-las.
O peso é outro problema. Eu era magérrima e o primeiro sintoma da Acromegalia é o ganho inesperado de peso e anos depois são os anéis e os sapatos que não servem mais; as dores de cabeça também são uns dos primeiros sintomas. Demora-se uma década aproximadamente para perceber as mudanças e ver que tem algo de errado porque o crescimento é lento.
Outro fator que contribui para o ganho de peso é o uso contínuo de corticoides que são remédios usados no tratamento de doenças endócrinas (glândulas).
Procuro manter alimentação saudável e adoro frutas e verduras, consumo granola, leite de soja, chás e outros alimentos natureba, mas como sou humana demasiado humana, ataco sem dó nem piedade os docinhos, salgadinhos e bolos de festinhas de aniversário. O bom é que não temos festas de aniversário todos os dias. Já pensou no estrago?
Outro problema chato são a artrose, artrite, osteoartrite e todos os problemas envolvendo os ossos e as articulações (juntas); em uma das radiografias feitas constou-se "bico de papagaio" em minhas mãos, nas juntas dos dedos. Dói, principalmente quando está frio.
Estamos acostumados a ouvir e a relacionar o termo "bico de papagaio" apenas à coluna, mas o médico explicou que isso pode ocorrer em outras parte do corpo também.
Via com uma pessoa conhecida fotos minhas da fase pré acromegalia e ouvi o seguinte: "Nossa! Como você era magrinha e bonitinha!".
Achei graça por ser chamada de "bonitinha", eu que sempre fui taxada exatamente pelo adjetivo oposto.
Bom.
Na fase pós acromegalia tenho feições nada bonitinhas, peso maior, pezões que parecem com o do Incrível Hulk, mãos grandes, dentes da acarda inferior separados e projetados para a frente/fora, cansaço, sudorese extrema, cabeça fervente, artrose e artrite e uma "pá" de coisas, como dizem os jovens daqui de São Paulo.
Às vezes me revolto, pergunto por que eu...
Que doença mais "fia duma égua manca", minha Nossa Senhora!
E para ajudar, vivemos numa Sociedade que prioriza, valoriza e idolatra o belo. "Si ferrei", como diz meu irmão Naldão.
Incomodam, e muito, os olhares de estranhamento, as risadinhas de gente abestada e os comentários cruéis.
Esse povo deveria cuidar da própria vida, que tal? Deveria cuidar de gatos, pois cada gato tem sete vidas e aí teriam vidas de sobra para cuidar!
Espero que esse texto tenha ajudado, esclarecido e sido útil para quem tem dúvidas sobre essa doença besta que é a Acromegalia.
É isso.
Horário eleitoral supostamente gratuito; pagamos tantos impostos que duvido muito que alguma coisa vinda de políticos seja de fato gratuita.
Zapeava pelos canais pagos e parei em um filminho bonitinho-romântico-adolescente; havia outros filmes, mas a maioria era meio de terror. Eu já gostei muito de filme de terror e ria muito com as situações, que são sempre as mesmas: é noite, acaba a luz, chove, o telefone não funciona, o carro não funciona, alguém corre e cai e o vilão mascarado é sempre alguém que todo mundo conhece mas ninguém desconfiava.
Uma vez assistíamos a um dos muitos filmes do Jason e a mocinha-vítima pega um aparelho de televisão e mete na cabeça do malvado e mesmo assim ele não fala nenhum um "ai"; meu irmão Naldão e eu rimos com a cena e ele diz: "Eu bateria no Jason com outra coisa, mas nunca que eu ia estragar uma televisão".
Mamãe entrou na conversa: "Oxe, então tu corre o risco de morrer mas garante que a televisão fique inteira, é Naldão?"
Bom...
Mas o filme bonitinho de ontem era sobre uma mocinha bonitinha, órfã e vítima das crueldades da madrasta e das irmãs mal ajambradas; uma Cinderela moderna.
A mocinha/atriz canta a trilha sonora do filme que aliás, é sempre a mesma dos filmes que mostram a mesma coisa: adolescentes divididos em grupos de pobres bonzinhos e ricos arrogantes; adolescentes pobres que se apaixonam pelos adolescentes ricos; adolescentes ricos que humilham e esnobam os pobres coitados... e por aí vai.
Tem o nerd que é amigo do adolescente pobre e sofre bullying também. Esses filmes são na verdade bullying transformado em mensagens positivas com frases feitas e de efeito: "Aquilo que procura tanto está dentro de você mesmo; nunca desista dos seus sonhos; você é uma pessoa linda por dentro, um dia irão reconhecer seu valor, mas até lá lasque-se trabalhando, estudando, sendo bacana e se apaixonando pelo/a adolescente rico/a mas de bom coração".
No final do filme os malvados são punidos, os bonzinhos são admirados e os apaixonados ficam juntos.
Acabou o filme e mudei de canal, coloquei na Record para ver a estreia do programa Ídolos, ri muito. Tem gente que acha, pensa e acredita que sabe cantar mesmo; é cômico.
De dez rapazes, quinze foram vestidos à caráter: calça e camisa justas, cinto com fivela grandona, cabelos arrepiados e voz igual; cantaram o tal do sertanejo universitário. Quando é que eles vão se formar, hein?
Ri com a atitude maluquetes do Supla, que dizia: "Estou cansado de ouvir sertanejo, pelo amor de Deus!"
Ri com o comportamento exibicionista de muitos candidatos que queriam exibir suas qualidades e talentos a qualquer custo. Uma moça bonita cantou o que estamos cansados de ouvir e um dos jurados disse que ela é bonita e tem o perfil apreciado pela mídia e pelo público. Basta ser bonita, pra quê se preocupar com voz?
E por falar em voz e em beleza, vi entrevista de Paula Fernandes que é bonita e tem boa voz e a parte boa é que ela deu um jeito naquele cabelão exagerado à la Chayenne, agora ela precisa demitir seu figurinista/costureiro(a)/personal stylist/personal escolhedor de roupas... Li em algum jornal ou revista que a Paula Fernandes é uma das famosidades mais mal vestidas; fato. Ela usa umas blusas com cortes estranhos, com franjas, mangas bufantes, vestidos longos que parecem terem saídos do ateliê de Jacques LeClair da novela TiTiTi, lembram? Ah, ela também deveria abrir a boca ao cantar, não sei como ela consegue cantar com a boca fechada e os dentes trincados.
Bom, acho que era isso. Vou me recolher, estou meio moída. Depois volto com mais implicâncias e "inguinóranças".
É isso.
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Laranja para o Halloween |
Do pó vim ao pó retornarei.
Estou tão cansada e moída; estou com uma gripe ou resfriado, nunca sei a diferença entre os dois.
E por falar em pó, está seco demais e não chove há muito tempo. Fica difícil respirar, os olhos ardem e a garganta fica seca, uma sensação nada agradável.
Por onde tu andas, São Pedro? Manda uma chuvinha, estamos precisando tanto.
Essa semana que passou me arretei-me e me estressei com atendentes de telemarketing, que agora são operadores de call center. Tá.
Comentei com minha irmã Rosi e já falei aqui também sobre a má qualidade do atendimento, produtos e serviços prestados e oferecidos por esses profissionais. Não são todos, claro, há exceções.
Parece que São Paulo se transformou nos Estados Unidos no quesito importação de mão de obra barata e de qualidade duvidosa, pois com o salário de um bom profissional pode-se pagar o salário de meia dúzia de pessoas inexperientes e mal treinadas. As empresas querem lucro fácil e rápido mas se esquecem de que é preciso treinar seu pessoal.
Liguei para o Call Center, pronunciado "cau center" e cuja pronúncia deveria ser algo como "cól", pois "cau" é a pronúncia de "cow", vaca em inglês. Por exemplo: "cowboy - caubói".
O mesmo acontece com celulares colocados no modo "vibra call" e pela pronúncia das pessoas, vira uma vaca vibradora, ou seja: "vibra cow/cau".
Beleza?
Bom...
Liguei, fui transferida inúmeras vezes e tive que repetir nome, CPF, data de nascimento, endereço de instalação, blá, blá, blá...
Quando dizia os números pedidos pela operadora de call center, fui interrompida e "corrigida" pela simpática e lenta mocinha: "É trêis e deiz, senhora?"
"Não. São três e dez".
A mocinha não entendeu e me corrigiu repetindo o "trêis e o deiz".
Muitas pessoas me perguntam se sou do Sul do Brasil e digo que não, sou pernambucana. Tenho parentes no Paraná e tive contatos com famílias gaúchas quando era jovem.
Aí dizem: "Ah, então é por isso que fala assim". Assim como? Dez, três, paz, vez e não trêis, deiz, veiz, paiz?
Mas essa é a pronúncia correta e não quero consertar o mundo, mas muito orgulho-me de minha língua pátria e procuro respeitá-la, ao contrário dos abusos que estão cometendo contra a inculta e bela Língua Portuguesa. Já falei sobre isso aqui na postagem com o sugestivo título "Língua Portuguesa". Confere lá.
Também não quero ser maluca igual à personagem do livro "Triste fim de Policarpo Quaresma" de Lima Barreto, um de meus autores nacionais favoritos.
Policarpo Quaresma era um nacionalista apaixonado por sua pátria.
Não vou falar mais sobre o livro, ler é mais interessante.
Bom, depois de tudo isso ainda estou no aguardo do "problema vai estar sendo resolvido, senhora".
Como dizia papai: "Espero em Deus que sim".
Amém.
Estava muito cansada ontem; nem consegui assistir ao CQC. Achei também que o programa estava meio lento, assim como eu.
Antes disso, assisti ao filme "Mudança de Hábito", uma comédia dos anos 90 com a atriz Whoopi Goldberg e ri muito.
Gosto de rever filmes mais antigos e reler livros lidos há algum tempo, parece que têm algo de novo, algo novo a dizer ou a mostrar.
Fui para a cama e peguei no sono até que rapidamente para meus padrões "insônicos", mas lá pelas duas da manhã tive que me levantar e ir ao banheiro. A gataiada me acompanha, sempre.
Levantei-me de novo às quatro da manhã e pensei que dormiria até às sete, mas me enganei; acordo com vozes que conversam animadamente e isso às cinco e meio da manhã! Era o casal de vizinhos que falam pelos cotovelos, falam alto pra caramba e ouvem música ruim em alto volume. Valha-me Deus!
Detesto ser acordada bruscamente, e me pergunto: "O que madoscachorro esse povo tem tanto pra falar às cinco e meia da manhã?!"
Nesse sono interrompido tive alguns sonhos, algumas visitas.
Sonhei com minha falecida prima Marinês e no sonho ela dirigia uma Perua que nos levava até Pernambuco. Dias antes sonhei com papai caminhando comigo por caminhos tortuosos e eu estava muito apreensiva; vi rios com corredeiras de águas claras e azuis e eu dizia a papai: "Quero chorar mais não, pai. Chega de lágrimas".
Papai andava ao meu lado e paramos em um local muito parecido á região montanhosa da Fazenda Taquari onde nasci, papai dizia: "Essa é a sua terra".
Depois sonhei com minha avó Mãevelha e eu secava seus cabelos compridos e branquinho-azulados com o secador. Mãevelha tinha umas bochechas fofinhas e gostosas de beijar.
Alguém entrava no quarto onde estávamos e dizia que eu ainda tinha uma avó para cuidar, mas eu sabia que Mãevelha já havia partido há mais de vinte anos.
Depois de secar os cabelos de minha avó eu começava a secar os cabelos de uma menina de uns quatro ou cinco anos e ela tinha cabelos encaracolados, meio acobreados, cabelo de gente galega.
Depois percebi que aquela menina era eu.
Quem consegue entender e explicar o tempo das coisas, dos sonhos, da vida?
Eu fui galeguinha até os cinco ou seis anos e depois fui ficando mais morena. Morena clara.
Adorei as visitas de papai, Mãevelha, minha prima Marinês e de outras pessoas que fizeram (fazem?) parte da minha vida e da minha História.
Estou tentando entender o significado de suas presenças; talvez até saiba.
Mas o chato é que sempre acordo angustiada, assustada às vezes, pois quero entender o que meu povo quer me dizer e quero que fiquem mais tempo. Mas eles não podem e eu também não posso; cada coisa a seu tempo.
Um dia pensava comigo sobre a possibilidade de haver uma porta mágica que se abrisse e nos permitisse entrar na casa daqueles entes queridos que já se foram ou permitir que eles nos visitasse mais e demoradamente. Mas Deus e o Povo lá de cima sabem o que fazem e bem sabem que se eu entrasse por essa porta e encontrasse meu Paipreto, meu avô José e todo meu povo querido e eu fosse criança de novo eu não quereria sair de lá de jeito maneira jeito qualidade.
É melhor assim; visitas rápidas. Já dou trabalho e acordo chorando quando sonho com meu povo, imagine se eu pudesse vê-los sempre que quisesse?! Daria certo não.
Agradeço por suas visitas e peço a Deus que os permita sempre me visitar e que os cubra de Luz, Paz e que eles fiquem sempre bem. E eu também, meu Deus.
Amem.
Estou muito cansada hoje; deve ser o tempo.
Esfriou mais e até chuviscou.
Mamãe e nosso povo antigo sabiam quando o tempo ia mudar e diziam também que a pessoa uma vez "cortada", nunca mais seria a mesma.
Pessoas que passaram por cirurgias não serão as mesmas, pois o corpo muda, sente as mudanças do tempo, dói durante certas épocas de chuva, de muito frio, calor...
Estou cansada.
Amanhã escreverei.
É isso.
Até amanhã.
Papai, claro, queria as coisas durassem o máximo possível e ficava muito brabo quando mamãe dizia: "As coisas estão acabando, meu velho, tem que fazer as compras".
Se mamãe falasse que acabou o sabão para lavar roupas ou se a mistura ia ser ovo... Vixe!
Fazíamos as compras e íamos à feira com mamãe e sobre a mesa colocávamos a fruteira carregada com laranjas e bananas, isso no sábado, na terça-feira já não tinha mais nada e papai ficava doido e dava-lhe sermão: "Mas será Deus impussivi?! Já acabou as fruitas que tu comprasse no sábado?! Que povo acanalhado! Amundiçado!"
Mamãe tentava explicar o que papai não queria ver nem entender; a família era grande, os filhos estavam em fase de crescimento e é normal ter um grande apetite, que os "primos" também comiam as frutas....
Os "primos" entre aspas eram rapazes solteiros ou homens casados e pais de família que vinham para São Paulo em busca de trabalho. Esses homens eram conhecidos de algum parente nosso que ficara lá em Pernambuco; bastava dizer que o pai conheceu o avô, da mãe, da tia, da sobrinha, de alguém que conheceu nossos avôs e pronto, era "primo"!
Dizíamos "primos" porque soava menos estranho e evitaria perguntas capciosas, pois era estranho colocar dentro de casa desconhecidos recém chegados de outro lugar que diziam ser parente ou conhecido de algum parente ou conhecido de nossos pais ou avós.
Bom, mas essa fase já passou, graças a Deus.
Eu achava engraçado papai falar "mundiça" e "acanalhado" e tempos depois fui descobrir que "mundiça" significava "imundice" e "acanalhado" significava alguém muito guloso, sem educação, zóião mesmo.
Eu estava em sala de aula e tentava fazer a chamada de quarenta e cinco doces e barulhentos alunos quando um deles diz: "Cala a boca, mundiça! Deixa a professora falar!"
Eu parei para rir e eles adoraram, claro.
É isso.
Vou para a cama com a gataiada e meu livro: "Autismo, um mundo obscuro e conturbado" de Roy Richard Grinker.
Comprei esse livro na Bienal junto com mais três. Comprei muito pouco, pois como já falei aqui anteriormente, algumas boas editoras não expuseram e havia uma febre de livros sobre vampiros, vampiros fadas e por aí vai. Quando a moda pega...
A programação de TV consegue ser pior nos fins de semana, afe!
Não dá. São tantos canais mas as opções de programação deixam a desejar.
Vou-me.
É isso.
Boa noite a todos.
Vinha pela rua e parei para que um carro pudesse manobrar. Sou educada.
Enquanto aguardava, fiquei observando a Marginal Tietê, bem atrás do Corinthians.
Eu gostava de passear pelas famosas ruas de São Paulo e sair por aí sem destino, mas parei de fazer isso, pois temo a violência nas ruas, bêbados ao volante e toda sorte que problemas advindos da irresponsabilidade das pessoas.
Lembrei de papai e suas infinitas "inguinóranças", lembrei de quando ele nos dizia: "Vão barrê (varrer) a rua, vão contar quantos carros passam na rua..."
Naquela época era comum nos sentarmos na calçada e observarmos os meninos jogando bola, as pessoas passando pra lá e pra cá e cumprimentando mamãe que conhecia, conversava e cumprimentava todo mundo. Em dias de eleições eu dizia que parecíamos sapos na lagoa, pois tanto na ida quanto na volta encontrávamos as pessoas e dizíamos "oi".
Eram muitos "ois" e por isso parecíamos sapos na lagoa: "Oi, oi, oi..."
Fubá diz que sapos fazem "Uêbati, uêbati", tanto que batizou de "Uêbati um sapo feito por tia Dolores e que servia de peso para segurar porta.
Noites de calor e era difícil dormir com o calorão e as muriçocas zunindo em nossos ouvidos, então ficávamos na calçada até refrescar um pouco e enquanto isso observávamos o movimento e contávamos quantos carros entravam e saíam do motel que fica bem na esquina da Marginal Tietê.
Ficávamos eu, minha irmã Rosi, nossa prima Neide de Pernambuco e uma tia nossa e apostávamos: "Aquele carro vai entrar no motel... Aquele vai seguir pela Marginal..."
Coisa mais boba, mas era divertido.
Não tínhamos muitas opções como hoje, não tinha TV a cabo, Internet, celular, redes sociais e essas modernagens todas e as pessoas eram mais próximas, menos estressadas e até mais felizes. Acho eu.
Talvez.
Hoje está tudo tão moderno, tão adiantado, temos centenas de amigos virtuais e na realidade somos sós, a maioria das vezes. As pessoas se encontram para um bate papo em uma mesa de barzinho, por exemplo, e o que é que elas fazem? Cada uma saca seu celular modernoso e verifica mensagens, posta isso, comenta aquilo... e o bate papo real ficou só no virtual.
Sei lá.
Estou meio nostálgica hoje.
Acho que o tempo vai mudar, me dói tudo, o corpo e a alma também.
É isso.