sábado, 15 de dezembro de 2012

A Serra do Rola-Moça


                                              

Serra do Rola-Moça - Mário de Andrade


A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não...               

Eles eram do outro lado,

Vieram na vila casar.
E atravessaram a serra,
O noivo com a noiva dele
Cada qual no seu cavalo.



Antes que chegasse a noite,
Se lembraram de voltar.
Disseram adeus para todos
E puseram-se de novo
Pelos atalhos da serra
Cada qual no seu cavalo.
Os dois estavam felizes,
Na altura tudo era paz.



Pelos caminhos estreitos, 
Ele na frente ela atrás.
E riam. Como eles riam!
Riam até sem razão.
A serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não,
As tribus rubras da tarde
Rapidamente fugiam
E apressadas se escondiam
Lá embaixo nos socavões
Temendo a noite que vinha.



Porém os dois continuavam
Cada qual no seu cavalo,
E riam. Como eles riam!
E os rios também casavam
Com as risadas dos cascalhos
Que pulando levianinhos
Da vereda se soltavam
Buscando o despenhadeiro.



Ah, Fortuna inviolável!
O casco pisara em falso.
Dão noiva e cavalo um salto
Precipitados no abismo
Nem o baque se escutou.



Faz um silêncio de morte.
Na altura tudo era paz...
Chicoteando o seu cavalo,
No vão do despenhadeiro.
O noivo se despenhou.



E a serra da Rola-Moça

Rola-Moça se chamou

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