sexta-feira, 4 de maio de 2012

Zé Claudino

Era um dos muitos nordestinos que passaram por nossa casa antes de terem suas próprias casas. Vinham de Pernambuco, ficavam em nossa casa e depois de algum tempo trabalhando,  arrumavam o próprio espaço.
Zé Claudino já era um senhor quando veio para "Sum Paulo" e era famoso pelo apetite insaciável; vivia sempre com fome.
Zé Claudino não saia de casa sem antes comer um "pratão" e onde chegasse comia o que lhe era oferecido e ainda saía falando mal: "Me deram só um bocadinho de cumê. Eu tô verde de fome, aquele povo come muito pouco, não sei como pode"
Curiosamente, mesmo comendo muito e sempre, Zé Claudino não era gordo, tinha o peso considerado normal; mamãe achava que ele tinha uma solitária na barriga que comia a maior parte da comida que ele ingeria, por isso a fome constante.
Mamãe contava um causo de um conhecido lá em Pernambuco que também comia muito mas era magérrimo; um dia alguém teve a ideia de fazer um teste: o doente adormeceu encostado à uma árvore e esse alguém colocou uma tigela com leite fresco recém tirado da vaca. A solitária saiu pela boca da vítima atraída pelo cheiro do leite e as pessoas em volta a mataram. O doente recuperou a saúde depois disso.
Não sei até que ponto é verdade, mas ficávamos impressionados com a história.
E por isso mamãe achava que Zé Claudino tinha solitária e papai para fazer graça, dizia que não era solitária, era acompanhada.
E o nome Zé Claudino virou sinônimo de gula e apetite guloso, quando alguém é muito esfomeado, nós dizemos: "Calma, Zé Claudino!".


                                                 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixem comentários, adoro saber o que pensam sobre o blog. Obrigada ;-)