sábado, 26 de maio de 2012

Medo

                                           


Papai gostava de dizer: "Duas coisas que eu não conheço: medo e preguiça".
Deus estava vendo.
Dias desses me perguntaram qual meu maior medo ou medos, e eu respondi.
Tenho tido sonhos tensos, intensos, fortes, incômodos. Pesadelos.
Anos atrás acordei com uma voz malévola, sarcástica e debochada que dizia: "Você é sozinha".
Meu Deus.
A solidão, o abandono, o procurar terra nos pés e não encontrar...são esses meus maiores medos.
Tenho outros medos básicos que todo mundo tem e é normal: medo de altura, de lugares fechados, de barata (mais nojo que medo), da violência das grandes capitais...
Tenho medo de palhaço, de gente mascarada, de gente que pinta o rosto e passa-se por estátua viva. Não gosto disso. Na minha mente maluquetes acho que a pessoa é abafada pela maquiagem/máscara e o que fica exposto é o seu verdadeiro eu e não conhecemos de verdade o verdadeiro eu das pessoas; conhecemos suas máscaras!
Meio doido, mas é assim que vejo e penso.
Estava caminhando pela calçada e vejo uma figura vestida e maquiada de estátua viva distribuindo doces e pirulitos; era promoção de uma loja. Atravesso a rua. A figura percebe, pega alguns doces e faz sinal para mim; agradeço e recuso, de longe,  a simpática e assustadora oferta e penso comigo: "Se essa coisa atravessar a rua e vier em minha direção vou descer a porrada!".
Sou da paz, mas como qualquer animal acuado, o ataque é a melhor defesa.
Já vi crianças pequenas em estado de pânico ao se depararem com pessoas vestidas de bichinhos, de personagens de desenho animado, estátuas vivas etc...
Meu, quer fazer promoção e dar docinho? Então dá! Mas sem essa coisa besta e medonha de gente vestida e pintada! Oxe!
Acordei hoje chamado por mamãe. De novo.
Estávamos na casa onde havia a majestosa mangueira e as adoradas cravinas de Mãevelha.
Conversávamos e cada um ia para um lugar; eu ficava só. 
Abria um armário e via maços de couve, acelga e catalonha e outras verduras e dizia para mim mesma que prepararia alguma coisa para papai comer quando chegasse do trabalho. Ele deveria chegar logo.
Ando pela casa e todos os cômodos estão vazios assim como todas as outras casas do quintal. Estou só e me bate um desespero. Me senti só e abandonada.Cadê todo mundo? Chamo por mamãe e acordo chamando "mãe, mãe!".
Muitos temores nascem do cansaço e da solidão, já cantou  Renato Russo.
É isso 


                                           
                                  

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