sexta-feira, 4 de maio de 2012

Maio

Maio é o mês das mães e das noivas.
Maio é o mês que menos gostamos.
São dois anos sem papai e onze anos sem mamãe.
Mamãe partiu em cinco de maio de 2001 e papai em quinze de maio de 2010.
Temos motivos para não gostarmos do mês de maio.
Anteontem, dois de maio, tenho pesadelos. Acordo chorando e chamando por mamãe.
Mamãe me abraça forte. Mamãe é força, aconchego, acalanto.
É desesperador saber que não posso ficar ali com mamãe e que ela precisa ir.
A dor da separação é imensa, intensa, doida. 
Papai vem ver o que está acontecendo e parece calmo e ocupado com algo. Mamãe precisa ir.
Estou depois no hospital com minha irmã Rosi, que me acompanha. Passo mal, tenho dor, tomo remédios e vão raspar minha cabeça. Meus dentes ficam soltos e alguns caem.
Mamãe me abraça.
Acordo: "Mãe! Mãe!".
Devo ter acordado os vizinhos também.
Minha cabeça dói, tomo meu anti hipertensivo e volto para a cama. Sonho agora em um aeroporto me despedindo de Rosi e Pedro que vão viajar para o Irã. Coisa mais doida, meu. Justo o Irã? Tantos conflitos políticos religiosos naquela região.
Irã é um país belo de rica e bela cultura; conheci alguns iranianos, são pessoas bacanas.
Antes de Rosi e Pedro embarcarem acontecem algumas explosões. Fogo, gritos, terror.
Meu Deus.
Me levanto, não quero dormir mais, tenho medo de sonhar de novo.
Rezo, peço a Deus e ao Povo lá de cima que proteja a minha família e a todos aqueles que estiverem carecendo de algum conforto, seja em forma de saúde, trabalho, carinho...
Deus sabe o que faz.
Temos a mania de pensar que tudo é para sempre. Estamos tão certos e seguros disso que não nos atemos ao fato de que o tempo passa, que envelhecemos, que as pessoas morrem, que a vida continua para quem fica... É difícil entender e aceitar. É a ordem natural das coisas, mas temos dificuldade para entender e aceitar.
Como dizia minha titânica mãe: "Dias Melhores Virão".
É isso.


                                    





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