sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Onisciência, Onipresença, Onipotência e Arrogância Médica

                             


Conversava com minha irmã Rosi enquanto saboreava seu forte e encorpado café. Todos reclamam do seu café amargo, menos eu.
Falávamos sobre o triste evento que ocorreu hoje pela manhã em uma escola infantil no estado americano de Connecticut e enquanto o mundo aguardava a coletiva de imprensa com mais detalhes, falávamos sobre outros assuntos.
Falei que sonhara voltando aos Estados Unidos e procurava uma casa para alugar. Sinto muitas saudades. A geografia americana é belíssima e pode-se ver mar, montanha e deserto seguindo a mesma estrada. Lindíssimo.
Se eu estivesse lá certamente estaria em posse de meu PhD. Ainda estava na dúvida entre seguir na Psicologia Infantil e me dedicar aos estudos do autismo, tema que me interessa e fascina grandemente, ou seguir nos estudos de Política e Relações Internacionais. Havia outras opções, mas ambas eram as que mais me atraíam.
Foi por essa época (1996-2004) que a Acromegalia manifestou-se e lentamente instalou-se pelo meu cérebro e meu corpo, graças a Deus.
Os primeiros sintomas foram a intensificação das minhas dores de cabeça, as tinha desde criança, e o surgimento da hipertensão, mas só descobri minha doença aqui no Brasil e totalmente por acaso como relatei nas primeiras postagens.
Passei por vários médicos e tentamos vários tratamentos: pílulas, injeções, fisioterapias, relaxamento (eu relaxar? é ruim, hein!); só faltou passar pelo pediatra, geriatra e veterinário.
Meu médico na época nunca medira minha pressão e a sorte mandada por Deus, como dizia mamãe, foi que no dia da consulta fui atendida por outra médica da equipe e ela mediu minha pressão, que estava altíssima. 
A médica era uma simpática senhorinha de cabelos brancos. Ela diagnosticou a hipertensão e receitou meu primeiro remédio para o controle do mal.
Tive que retornar semanas depois para acompanhamento e meu médico me antende e diz que a colega estava louca por me receitar anti-hipertensivos, que eu era muito jovem para ser hipertensa, que eu deveria parar o tratamento imediatamente. 
Parei. Segui as recomendações médicas, confiei no suposto profissionalismo, conhecimento e experiência do doutor. 
As dores de cabeça aumentaram, principalmente o latejar na nuca.
Havia me mudado de endereço e perto do novo local havia uma clínica médica; decidi marcar consulta com o belo, educado, elegante e galego Dr. John Dodge. E o que foi que ele diagnosticou? Hipertensão!
Voltei a tomar os anti-hipertensivos e melhorei razoavelmente, mas a maldita Acromegalia já mostrava suas garras.
Mamãe parte e meu irmão Fubá fica muito doente e precisa de um transplante de fígado. Fico preocupadíssima com minha família aqui no Brasil e volto.
Foi a melhor coisa que fiz, pois se a doença não fosse descoberta (2007) e a cirurgia não fosse feita, eu não estaria aqui hoje.
Como já falei em postagens anteriores, demorou a descobrir e a aceitar, por parte dos médicos sabichões, que havia um tumor, pois ele não aparecia nos exames de ressonância magnética. Mesmo com os exames de GH (Growth Hormone - Hormônio do Crescimento) mostrando níveis altíssimos ainda assim os médicos duvidavam. 
Um deles, um maldito arrogante dos infernos, desculpem, disse para eu desencanar, pois era apenas uma pequena inflamação, nada demais.
Perguntei também sobre minha coluna e ele disse que era bobagem fazer cirurgia.
Bom, a bobagem quase me causa uma paralisia por compressão na medula e hoje tenho duas hastes e vinte e dois parafusos de titânio segurando os ossos da minha coluna e me possibilitando caminhar, graças a Deus.
A pequena inflamação era um tumor na hipófise produzindo desembestados níveis de GH.  O tumor era grande, estava próximo à carótida, tinha sistema vascular próprio, deixou-me em coma por quase um mês, custou-me uma traqueostomia, uma parada cardiorrespiratória, pneumonia, infecção generalizada e quase me mata.
Desencana!
Não tenho raiva desses doutores, tenho pena.
Pena por sua incompetência, arrogância, preguiça e impaciência para ouvir os pacientes e olhar os exames detalhadamente.
Essa onipresença, onisciência, onipotência e arrogância médica quase custou minha vida, minha capacidade de andar e incutiu em mim a desconfiança. Se eu não gostar do médico, não me sentir bem e não "rolar uma química", não volto mais ao seu consultório.
Tem médico que acha que é Deus. O onipresente, onisciente e onipotente.
Amém.

                             



2 comentários:

  1. Nossa... só em Deus pra confiarmos mesmo.
    Infelizmente nos deparamos com muitos médicos assim, poucos são os que se dedicam a medicina como deveriam, como juraram.
    Descobri que tinha um tumor na hipófise "por acaso", trabalho em uma clínica médica onde passamos a realizar o exame de tomografia, por obra de Deus eu fui a primeira a deitar no aparelho pra fazer o teste, eis que assim foi descoberto o tumor, se demorasse um pouco mais pra decobrir correria o risco de ficar cega.
    Dois meses depois fiz a cirurgia e mes passado foi confirmado a Acromegalia.
    Depois de tudo isso foi que "caiu a ficha" passei a entender todas essas mudanças que aconteciam em meu corpo, pés, mãos, rosto, muita dor de cabeça, etc.
    ADOREI seu blog!

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  2. Realmente, existem médicos extremamente arrogantes, convencidos e egoistas... Até o dia, em que subtamente são acometidos por doenças, como os pobres coitados dos pacientes, e então quem sabem comecem a sentir culpa, sem saber se perdoarem, por terem feito tanto mal a tantas pessoas...

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