terça-feira, 3 de abril de 2012

Coronéis


                                         

                                              












Era muito comum no Nordeste os grandes donos de fazenda serem chamados de coronéis. Não eram coronéis de verdade, a maioria comprava a patente.
O título de coronel parecia dar mais força e autoridade aos grandes fazendeiros e donos de terras. Esses coronéis tinham forte poder e influência política; manipulavam, usavam de coerção, tocavam o terror mesmo. 
Muitos coronéis mandavam matar os inimigos políticos e o incauto eleitor que ousasse votar no candidato da oposição em época de eleições.
Esses coronéis faziam promessas ao povo e davam metade do prometido antes das eleições e a outra metade depois das eleições. Por exemplo: se prometiam um par de "oprecatas" (sandálias de couro), davam apenas um pé do calçado e outro seria dado quando terminada a eleição e quando verificado se o eleitor havia mesmo votado no dito cujo coronel.
Tinha-se muito temor e respeito por essas figuras poderosas e assustadoras e ninguém ousaria  desafiar ou desrespeitar um coronel. Quando encontrava-se, mesmo que por acaso, com o distinto coronel era mandatório perguntar como ele estava, a família e a saúde dele e de todos os que o cercam. Era muita bajulação. Mas era melhor garantir uma certa paz, vai que o coronel se enfeza.
Havia mais temor que respeito, pois ninguém queria contrariar um coronel porque sabiam que seria morte na certa! Sabiam que mesmo havendo assassinatos não haveria investigação policial e ninguém seria preso, o coronel era quem mandava e desmandava.
Mas havia coronéis que eram até que "legais" usando um termo atual.
Papai e mamãe trabalharam para dois deles: o Manoel Bandeira e o Chico Heráclio que era chamado por todos de "Chico Eráqui".
Esses caudilhos "do bem" deram empregos a papai e a mamãe em suas fazendas e papai cuidava do gado e da criação e mamãe lecionava para as crianças e adultos da região.
Ter coronéis como patrões, amigos ou padrinhos dos filhos era motivo de grande orgulho e dava até uma certa segurança. 
Papai e mamãe sempre falavam sobre Manuel Bandeira e Chico Heráclio, os coronéis "do bem".


Coronel Chico Heráclio e Coronel Manuel Bandeira
                                    

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