quarta-feira, 25 de abril de 2012

Idosos

                                               


Saí do prédio da perícia e fui ao prédio da Farmácia Alto custo.
Vou para a fila especial e o segurança me diz: "Essa fila é especial!"
"Eu sei. Eu tenho direito de estar aqui".
O segurança e as pessoas em volta me olham meio incrédulos e procuram em mim sinais de alguma deficiência física. Não encontram tão aparente.
O segurança me encara e eu digo: "Tenho parafusos e em minha coluna e um tumor no cérebro. Tá bom pro senhor? Posso ficar na fila?"
Uma senhora que estava na minha frente cedeu-me o lugar e eu a agradeci. Conversamos e ela falava sobre ter trocado o carro pela moto para encarar o caótico e quase sempre engarrafado trânsito de São Paulo. Eu invejei sua coragem, pois nem de bicicleta eu sei andar (talvez com rodinha, quem sabe?).
Mostro meus laudos, exames e documentos para Renovação e sigo para a outra sala com senha na mão para pegar meu remédio alto custo: Sandostatin - LAR.
A sala estava lotada e a demora foi grande; havia caído o sistema. Vixe!
Uma senhora idosa entra falando alto, gesticulando e reclamando do atendimento e da falta de boa vontade dos funcionários. Foi chamado o gerente e outras pessoas responsáveis pelo local, mas a idosa não parava de falar. 
Ela cismou que o pessoal da Farmácia Alto Custo estava com seus exames e laudos médicos e se negavam a lhe dar o remédio.
A farmacêutica veio falar com a idosa e disse que ela deveria retornar ao seu médico e fazer novos exames para então voltar à farmácia e assim pegar seu remédio.
Mas a idosa não arredava pé e dizia: "Eu sou velha, mas não sou louca não!".
Um senhor que estava sentado ao meu lado comentou comigo: "Gente idosa assim não deveria sair sozinha; alguém deveria acompanhá-los".
Concordei.
Todo mês vou à Farmácia Alto Custo e vejo a mesma cena: idosos atrapalhados com documentos, laudos e papelada para retirar seus remédios. Os olhos fracos que não enxergam direito o local da assinatura no papel, as mãos trêmulas que mal conseguem segurar a caneta, os ouvidos quase moucos que não ouvem direito o que as pessoas falam.
Mas o mesmo não acontece quando os idosos vão aos bancos nos dias de pagamento da aposentadoria e outros benefícios. Os idosos estão quase sempre acompanhados de filhos/as e netos/as aguardando ansiosamente para abocanhar o dinheirinho do parente idoso. Vi uma moça apressando a pobre mãe para sacar logo o dinheiro porque ela queria sair logo dali para ir ao cabeleireiro e depois e encontrar fulano. No mínimo ia fazer mais um filho para deixar para a mãe cuidar e viver de Bolsa Família,  Enxoval da Mãe Paulistana, Kit uniforme, Kit material escolar...
É fácil ter filho assim, basta parir e largar para a mãe e o governo cuidarem.
Reclamam que o governo não entregou isso, não entregou aquilo, que não tem vaga nas escolas e creches, que não podem pagar por escolas e creches particulares, blá blá blá... mas estão com cabelinhos esticadinhos e loirinhos e isso custa muito dinheirinho! Dinheiro da aposentadoria dos idosos que trabalharam a vida toda e em vez de descansar, vão cuidar dos filhos dos filhos.
Acho que já falei sobre isso aqui, mas fico indignada quando vejo tanta moleza, tanta cara de pau, tanta gente robusta e saudável explorando seus idosos. 
E com cabelinho lisinhos e loiríssimos!
É isso.


                                            
                                                 

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