sábado, 14 de abril de 2012

Funeral

                                           


Depois de morarmos por algum tempo em um barraquinho de madeira, nos mudamos para uma casa com três cômodos grandes, banheiro decente e quintal.
No quintal de cimento havia um pequeno quadrado de terra onde tinha uma bananeira, uma majestosa mangueira, pequenas plantas e cravos.
Mãevelha gostava muito de plantas e mantinha seus vasos com cravos e cravinas.
Mamãe adorava rosas vermelhas.
Um dia estou ajudando Mãevelha a regar as plantas quando escuto um miado; era uma gata e estava com um barrigão enorme, estava prestes a parir. A gata já sentia dores, miava forte e tinha um pedido de ajuda no olhar.
Fiz uma cama para a gata debaixo da bananeira e ali ela deu cria. Foram seis gatinhos.
Dei à gata o nome de Kojaka.
Passadas algumas semanas Kojaka adoeceu e se recusava a comer, tomar água e amamentar os filhotinhos.
Kojaka morreu num dia de sábado, dia de feira.
Fiquei muito triste e os gatinhos, órfãos.
Apesar da tristeza, reuni coragem e fui cuidar do funeral de Kojaka.
Havia um terreno baldio ao lado de nossa casa e com a ajuda de meus irmãos, abri a cova e enterrei o corpo da defunta felina. 
Voltei para casa, peguei alguns cravos e cravinas de Mãevelha e algumas rosas vermelhas que mamãe tinha comprado na feira e coloquei o buquê improvisado em cima do túmulo de Kojaka. Entregamos a alma da pobre felina a Deus e seguimos como nossas vidas. A vida continua.
Fomos brincar.
Passadas algumas horas mamãe me chama, estava danada de braba. Ela e Mãevelha sentiram falta de suas queridas flores.
Tentei explicar que mamãe poderia comprar mais rosas na feira do sábado seguinte e outros cravos desabrochariam. 
Deus e os santos sabiam que as flores foram usadas por um motivo nobre: o funeral de Kojaka. 
Que Deus a tenha.


                                              


                                     

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