segunda-feira, 30 de abril de 2012

Modo de falar

                                                


Viemos lá do Sertão e temos nosso próprio falar, nosso sotaque, nosso "nordestês".
Mãevelha misturava a Língua Portuguesa com a Língua Espanhola e tínhamos uma terceira língua que só nós e aqueles que faziam parte de nossa cultura poderiam entender.
Tive alguns problemas na escola quando comecei a estudar e  confundia a escrita e o som das palavras. Para complicar um pouco mais, em casa falávamos um português diferente do que falava, ouvia e aprendia na escola.
Mãevelha e mamãe diziam: "sangre, venta, basura, oitcho, ancha..." e sabíamos que elas queriam dizer "sangue, nariz, lixo ou vassoura, oito, larga, ampla, cheia"
Nas épocas de chuva e frio as roupas demoravam a secar e Mãevelha dizia que as roupas estavam assombradas (úmidas).
Brincávamos com ela e dizíamos: "Oxe, Mãevelha, a roupa viu fantasma, foi?"
As carnes frescas eram chamadas de "carne verde", pois o adjetivo fresco significava homem efeminado.
Frango é galeto, pois frango também é referência a homem efeminado.
Aqui em São Paulo dizemos carne de vaca, mas no nosso Pernambuco dizemos carne de boi. O motivo é simples: quem vai para o abate é o boi, a vaca fica viva para fornecer o leite.
A canjica nossa é chamada de mungunzá.
O nosso cuscuz é feito apenas com farinha de mandioca, fubá, água e sal.
Em uma viagem com mamãe a Pernambuco, aprendi que arupemba é um tipo de peneira.
Usávamos água sanitária, mas aqui em São Paulo nos habituamos a falar cândida.
Nossa galinha a cabidela aqui é galinha no molho pardo.
Aves machos que são capadas são chamadas de capão.
Galinha caipira é galinha de capoeira.
Frango novo, o galeto, é chamado de frango de leite.
Galinha d'Angola é Guiné.
E a língua continua variando...


                                                 





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixem comentários, adoro saber o que pensam sobre o blog. Obrigada ;-)