segunda-feira, 23 de abril de 2012

Coca Cola

                                              


Estava na sétima série e era apaixonada por um menino da oitava.
Eu queria que ele soubesse sobre meus nobres sentimentos por sua distinta pessoa e tinha pressa em fazê-lo saber porque aquele ano letivo seria seu último; o Ensino Médio seria feito em outra escola, a nossa escola só tinha os Ensino Fundamental I e II (da 1ª série à 8ª série).
Ensaiei, criei coragem e escrevi uma cartinha romântica para o meu amado.
O problema é que o objeto da minha afeição não nutria por mim os mesmos nobres sentimentos que eu nutria por ele.
A carta romântica foi entregue a ele por uma colega alcoviteira e eu a importunei com dezenas de perguntas: "Ele leu? Perguntou quem tinha mandado a carta? Que cara que ele fez?". Perguntas desesperadas e uma apaixonada desesperada.
O amor é fogo que arde sem doer...
Mas doeu sim, e muito!
Descemos para o intervalo, que na nossa época era recreio, e procuro com o olhar por meu Romeu nada apaixonado; vejo minha colega alcoviteira se aproximar e ela me entrega um bilhete com o singelo verso: 
Se você gosta de um cara
que nem te da bola,
afogue sua mágoas
num copo de Coca Cola.
Além do verso havia um desenho feito com caneta e mostrava um copo cheio e uma pessoa dentro dele!
Talento artístico não faltava ao meu amado.
Acho que é por isso que não gosto muito do refrigerante, prefiro guaraná com gelo e limão.


                                      

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