segunda-feira, 12 de novembro de 2012

João Grande

Um desenho que gostávamos de ver e mamãe às vezes nos chamava de João Grandão
                                  

Fui ao laboratório acompanhada de minha irmã Rosi; fui fazer os exames de colonoscopia e endoscopia.
Conversávamos enquanto aguardávamos.
Falávamos sobre minha doença, Acromegalia, e sobre os estragos que ela faz no corpo e na mente.
Não são só as mudanças físicas que nos machucam e incomodam, a parte psicológica também é afetada. Somos humanos, demasiado humanos.
Ontem, domingo, liguei para minha irmã Rosi ligar a TV no canal Discovery porque lá exibia programa sobre Gigantismo e Acromegalia. Mostrou vários casos de pessoas com diferentes níveis da doença.
Em jovens e crianças a doença é chamada de Gigantismo e em adultos é chamada de Acromegalia. Já mencionei isso aqui, mas acredito que informação nunca é demais.
Fiquei com dó de uma jovem americana que sofre tanto com as dores e os outros problemas advindos da Acromegalia. Essa jovem tinha um rosto bonito, era magrinha e hoje está enorme devido ao crescimento contínuo. Identifiquei-me com ela no problema dos sapatos; é preciso mandar fazer, pois não acho sapatinhos femininos nos delicados números 42/43.
Me entristeci quando foi perguntado a ela se queria quer filhos; sim, foi a resposta, "mas não posso" :-(
Gostei do rapaz que é, literalmente, o maior fã o presidente americano Barack Obama.
Continuamos a conversar, eu e minha irmã, e ela lembrou de um parente distante sempre mencionado por papai e mamãe, era o João Grande.
João Grande era muito alto, grandão, ossudo, carudo e certamente acromegálico.
Mamãe dizia que João Grande só tinha tamanho, era bom, tinha coração bom, era boa pessoa.
Nós, acromegálicos, somos julgados por nossa aparência estranha, feia, grotesca e às vezes assustadora. Mas isso tudo é só aparência, pois somos humanos e temos sentimentos e não somos monstros ou coisas, somos gente!
Infelizmente, as pessoas não estão preocupadas e não querem perder tempo em conhecer o outro, sua história ou seus problemas; as pessoas veem apenas o que está exposto, o que é externo e julgam, criticam e até se afastam daquilo ou daqueles que não são "normais".
Parece que ser diferente é problema; tem que ser tudo bonitinho e igualzinho.
Mas o mundo não é assim.
Bom...
João Grande morreu jovem, como era de se esperar em uma época na qual a doença era mais desconhecida do que é hoje e não havia muitos meios de tratamento. 
A medicina e a ciência evoluíram muito e espero que um dia encontrem a cura para essa doença infame, a Acromegalia.
É isso.

                              
                                     

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