sexta-feira, 9 de março de 2012

Primeiros Nomes

Rosi, Naldão, Fubá, Rejane, Renata, Rogério e Lila, nossa meia prima, meia irmã.
                                                                                     
Mamãe teve sete filhos, hoje somos seis.
Todos os filhos de mamãe têm o nome iniciado pela letra "R".
É tradição nas famílias nordestinas dar nome aos filhos usando sempre a mesma letra; temos primos com nomes iniciados pelas letras "D", "E", e por aí vai.
E tudo começou comigo, a primeira filha.
Mamãe queria que eu fosse menino e papai, Paipreto e avô José queriam que eu viesse menina; venceu a maioria.
O problema agora era escolher um nome para mim.
Na verdade seriam dois nomes, pois o primeiro nome é sempre Maria para as meninas e José para os meninos, principalmente se a criança tivesse nascido com o cordão umbilical enrolado no pescoço. Segundo a crendice popular, se não fosse dado um nome de santo à criança, esta poderia morrer enforcada ou sufocada.
Meu Paipreto, como bom português-católico-religioso-nordestino, queria Maria de Fátima e minha também religiosíssima Mãevelha queria Maria do Rosário ou da Conceição.
E muitas outras Maria-alguma-coisa foram sugeridas: Maria das Dores, Maria dos Remédios...
Bom, Maria já era certo porque eu havia nascido com o cordão em volta do pescoço, faltava agora o segundo nome.
Papai queria Joana D'Arc. Não concordaram, pois Joana D'Arc foi uma santa que sofreu muito. 
Venceu a maioria de novo, graças a Deus.
Uma prima nossa estava presente durante o momento decisivo e teve presença de espírito, graças a Deus; a prima olhou em um calendário que trazia nomes relativos à data de nascimento, aos santos e ao horóscopo e havia os seguintes nomes: Regina, Regiane, Rejane.
Eram nomes que estavam no calendário de 22 de março de 1967. Há quase exatos 45 anos.
Mamãe gostou de Rejane e de Maria Rejane fui batizada. Regiane e Regina eram nomes muito delicados para uma bebezona de quase cinco quilos.
Tempos depois veio o segundo filho, José Rinaldo, mas ele viveu apenas uma semana.
Em 29 de fevereiro de 1970 veio José Rogério. Haviam sugerido o nome Roger, mas alguém disse que soava muito estrangeiro e era difícil de pronunciar; o povo ia dizer "Rógi".
Mamãe gostava do cantor Jackson do Pandeiro e cogitou em batizar meu irmão de Jackson, mas o nome fugia aos dois "R" de Rejane e Rinaldo. E além do mais, o povo não saberia pronunciar Jackson e iria dizer "Jáquisu". Melhor Rogério mesmo.
Em 27 de maio de 1971 veio Reginaldo, meu irmão Naldão, aquele de saúde e português perfeitos.
Papai viajara a São Paulo e deixou mamãe grávida de Naldão e disse que se fosse menina deveria receber o nome de Regina, Maria Regina, claro. Seria uma dupla sertaneja: Maria Rejane e Maria Regina. Ainda bem que veio menino.
Em São Paulo, 29 de junho de 1974, dia de São Pedro e do aniversário de Paipreto, nasce a primeira paulistana da família: Rosi.
Mãevelha disse a mamãe que se fosse um cabra macho deveria se chamar Pedro, mas como era menina fêmea, deveria se chamar Pedrita.
Mamãe queria Paula ou Fernanda, mas... Mais uma vez esses nomes fugiriam ao tradicionalíssimo "R".
Ainda no hospital, uma enfermeira sugere a mamãe o nome Rosilene e ficaria também dentro dos "R". Mamãe gostou, mas a Rosi nem tanto.
O segundo paulistano a chegar foi Ronaldo, nosso Fubá. Papai queria Roberto, mas eu não gostei porque Roberto era o nome do encarregado de papai e eu não topava com esse cavalheiro; que Deus o tenha pra lá. Amém.
Na época em que Fubá nasceu havia um programa de televisão no qual alunos de universidades respondiam a perguntas de conhecimentos gerais e havia um rapaz muito inteligente chamado Ronaldo Bandeira. Gostei do nome, começava com "R" e quem sabe meu irmão não seria tão inteligente quanto aquele Ronaldo da TV.
A última paulistana a nascer foi Renata, em 02 de abril de 1981.
Papai queria Rosana e eu queria Raquel (Rachel) ou Renata. Mas eu achava Renata mais bonito.
Papai me surpreendeu, pois achei que ele iria ao cartório e registraria Rosana, mas chegou com a certidão de nascimento da nossa caçula e lá estava o nome Renata.
Mas minha inteligente, arteira e artística irmã caçula Renata prefere ser chamada pela tola alcunha de "Nara", isso porque supostamente seria essa a pronúncia de seu nome falado por estrangeiros. Tá. Tudo isso por causa de um grupo de tiozões quase quarentões chamado de "Back Street Boys", ou "Boyola Boys", como gostamos de chamar, só pra contrariar. hehehe.
Bom, gosto não se discute, se lamenta.
Mas...
São três pernambucanos e três paulistanos que somam seis talentosos, inteligentes, teimosos, "inguinórantes, e às vezes (muitas vezes) infantis "R" de dona Marlene e seu José.
É nóis.
                                        
                                                 

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