sexta-feira, 9 de março de 2012

Monstros, Bandidos, Mocinhos e Heróis da TV: Ultraman

                                               


Quando éramos pequenos assistíamos a desenhos animados e a outros programas infantis numa velha TV preto e branco que fora dada a mamãe por seu irmão, Manoel Gomes.
A TV passava mais tempo quebrada do que funcionando. Mamãe fazia uma boa caminhada até a casa de dois velhinhos que consertavam aparelhos eletrônicos; os técnicos idosos iam até nossa casa para realizar o conserto do aparelho.
Eles chegavam e ficavam horas mexendo na televisão até fazê-la voltar a funcionar.
Com a TV funcionando podíamos assistir a Vila Sésamo, desenhos animados e filmes japoneses de monstros e heróis, como o Ultraman, Ultraseven, Spectreman, Jaspion e outros.
Mamãe também poderia assistir suas novelas com seus galãs favoritos: Francisco Cuoco, Tarcísio Meira, Claudio Calvacanti.
Assistíamos fascinados às lutas entre os monstros e os super heróis dos filmes japoneses. Os monstros seguiam uma rotina de ataque: geralmente vinham do mar, avançavam sobre a cidade, destruíam prédios e lançavam carros a longas distâncias enquanto esperavam o super herói chegar para lutar contra eles, o monstros malvados,  e salvar o que sobrou da cidade já bem destruída.
Era um troca de socos, golpes com a cauda, bafo com gás tóxico, fogo pela goela e uma infinidade de recursos bélicos no que concerne uma luta entre monstro e herói japonês.
Um dos meus heróis favoritos era Ultraman, embora eu sempre torcesse para o monstro, e ele tinha uma luz no peito que piscava e fazia um barulhinho irritante toda vez que suas forças começavam a enfraquecer.
Ultraman também tinha um tipo de bumerangue em sua cabeça e que tinha o poder de uma faca muito afiada e só era usado no grand finale, quando nosso herói já estava muito enfraquecido, a luz piscando intermitentemente e o ruído aumentando no mesmo passo. O monstro se aproximando vagarosamente para o golpe de misericórdia em Ultraman.
Nosso herói caído no chão olha para a luz piscante e irritante em seu peito, olha para o monstro que se aproxima e de repente lembra-se do bumerangue: Ultraman levanta-se cambaleante, encara o monstro, leva as mãos à cabeça, tira o bumerangue e o lança contra o inimigo que é cortado em duas metades verticais exatamente iguais. Precisão matemática incrível.
O monstro é eliminado. Ultraman está fraco mas venceu o mal mais uma vez.
A cidade agradece o herói que voa de volta para seu planeta secreto. Na verdade, nosso herói é um policial disfarçado que usa uma cápsula mágica para se transformar em Ultraman.
Termina o filme e eu me perguntava inconformada e tentando entender aquele drama todo:
Se Ultraman tinha o tempo todo na cabeça o afiadíssimo bumerangue, por que não o usou logo de início? Por que deixou o monstro destruir boa parte da cidade? Por que trocou socos, pontapés, bafos e rabadas com o monstro se poderia tê-lo destruído logo no começo? Por que não usou sua arma secreta e mortal logo de cara? Queria mostrar serviço?
Não entendia porque tanta demora para resolver um problema que já tinha solução nas mãos, ou na cabeça, para ser mais exata.
Tinha raiva dessa falta de imaginação e atitude de Ultraman e torcia para o monstro, que infelizmente, para mim e para ela, nunca ganhava.


                                                        


                                                       

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