quinta-feira, 15 de março de 2012

Encontro

                                            


Morávamos em são Paulo a pouco tempo.
Papai trabalhava em um bairro distante e saía de casa de madrugada para poder chegar ao trabalho.
Mamãe trabalhava mais perto, a umas três ou quatro quadras de distância de nossa casa.
Ainda não conhecíamos bem a região, tudo era novo, estranho e diferente.
Mãevelha me manda ao mercadinho para comprar algo, vou mas não encontro o caminho de volta; estou perdida.
Olho à minha volta e vejo tudo estranho: ruas, casas, chácaras...
Continuo andando e tentando encontrar algo que seja familiar. Ando por uma longa rua de terra e lembro que a firma onde mamãe trabalhava ficava numa rua assim.
Sigo em frente e um pouco mais adiante avisto a firma. O medo desaparece e uma alegria imensa me invade, sei que vou encontrar mamãe.
Chego à portaria da firma e um guarda vem em minha direção, ele se ajoelha para poder ficar na mesma altura dos meus pequenos seis anos e assim poder conversar comigo.
"O que você faz aqui?"
"Quero falar com a minha mãe"
"E quem é sua mãe?"
"É a dona Marlene"
"Tem certeza que ela trabalha aqui?"
"Tenho sim! Ela me falou"
"Espera um pouquinho que eu vou chamá-la. Você gosta de sagu?"
"Não sei o que é isso"
"É um doce. Quer?"
Sento-me num banquinho e como o doce enquanto espero por mamãe.
O guarda havia telefonado pedindo a presença de mamãe na portaria, tinha alguém querendo vê-la.
Acabei de comer o doce, agradeci ao guarda, olho para o corredor e vejo mamãe se aproximando e fico feliz, não estou mais perdida.
Mamãe tem uma expressão preocupada: "Minha Nossa Senhora do Pepé (perpétuo) Socorro, o que você faz aqui? Aconteceu alguma coisa?"
"Mãevelha me mandou ir ao mercado, mas eu me perdi e aí lembrei que a senhora trabalha aqui, então vim pra cá".
"E como você sabia que eu trabalho aqui?"
"Lembra que quando a gente foi à feira e passou por essa rua e a senhora falou que trabalha nessa firma? Então"
O guarda ouve a conversa e diz: "Mas essa sua menina é esperta, hein, dona Marlene!"
Mamãe sorri e pede autorização para me levar em casa, Mãevelha já deveria estar preocupada.
Fomos ate a esquina próxima à nossa casa e eu disse: "Pode deixar, mãe, agora eu sei o caminho".
Mamãe fica na esquina me olhando até eu chegar em casa.
Aceno para mamãe e ela volta ao trabalho.


                                                        

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