sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Cacos de telha

                                           


Fui com minha irmã Rosi ao supermercado. Fizemos uma pequena compra e entre os itens, minha irmã pega uma esponja natural para lavar os pés.
Eu gosto mais de pedra pomes.
Enquanto andávamos pelos corredores do supermercado, lembrávamos de papai e de seu lava pés. Nossos pés que eram lavados, não os de papai.
Esclareço.
Brincávamos na rua, corríamos, suávamos e voltávamos imundos para casa.
Fubá dizia que não precisava tomar banho porque estava limpo. Certo.
Papai nos chamava e fazíamos fila para termos nossos pés lavados no tanque de lavar roupas e, advinha por quem? Papai.
Nosso querido e amado pai. 
Papai nos colocava dentro do tanque, que naquela época era de cimento, grandão e pesadão. Os tanques de hoje são muito pequeninos e frágeis, não nos aguentaria dentro.
Bom...
O tanque já estava cheio com água e sabão e ao lado tinha aquelas duras e ásperas escovas de lavar roupas e cacos de telha.
Papai primeiro tirava o grosso da sujeira, mergulhava nossos pés na água ensaboada e esfregava primeiramente com a escova e arrematava com os cacos de telha. Esfregava tanto que a pele de nossos pés ficava transparente e podíamos ver as veias. Mais um pouco e poderia ocorrer uma hemorragia. Juro por Deus.
Papai era muito exagerado.
Um a um. Todos os seis filhos. Todo mundo com os pés limpos.
Papai.


                                          

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