sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Poupar

"Vou estar me irritando"
                                            
Sexta-feira de muita chuva em São Paulo e, para variar, caos no trânsito.
Faço algumas ligações e organizo as coisas aqui em casa para deixar tudo ajeitadinho para quando for para o hospital.
Aguardo confirmação do convênio médico e, até segunda ordem, devo me internar na terça-feira à noite.
Beleza.
Ligo para algumas lojas e companhias de cartões de créditos e aguardo para ser atendida. Após ouvir pela enésima vez: "Você já será atendido... Sua ligação será atendida em instantes", me pergunto em que tempo se baseiam essas pessoas físicas e jurídicas. O que é o tempo? Como se calcula o tempo? 
Para mim, alguns instantes são apenas alguns instantes e não alguns longos minutos de musiquinha de elevador e blá blá blá infindável e repetitivo.
Finalmente sou atendida por uma moça sonolenta e bocejante. 
Já começo a me irritar.
Aqui é São Paulo, meu. Tudo aqui é rápido, ligeiro, pra ontem!
A moça  fala muito devagar, muito arrastado e me pede para anotar o bendito número do protocolo que não sei para que serve. Talvez sirva para fazer uma combinação numérica e jogar na Mega Sena, Loto, Jogo do Bicho...
Começo a anotar o número: 1, 2; paro. Pergunto: "Só dois números?" Os protocolos costumam ter numeração longa.
A moça boceja longamente e finalmente diz: "Não senhora, é o 1, 2, 3, 4..................."
É número que não acaba mais.
Comentei com minha irmã Rosi sobre o serviço de telemarketing das empresas e observamos um padrão: são pessoas de outras regiões do país que trabalham por um salário menor que o pago a um paulistano. Tá ligado?
Cheguei a São Paulo aos seis anos de idade e hoje estou com 44; estou muito adaptada,envolvida e habituada à pressa da cidade que não para. Não para nem mesmo quando o trânsito vai devagar quase parando.
Não é uma crítica é só um comentário sobre as diferenças de ritmo entre as cidades.
Mas posso apostar que essas mesmas pessoas "calmas" ficam bem animadinhas quando é época de Carnaval e vão pelas ruas afora cantando ritmos que até mudos conseguem cantar: "Aê, aô, ôooooo, oooo, aê..." e tudo isso debaixo de um sol escaldante e calor de mais de 40º.
Ânimo, minha gente.
Entendo que os serviços prestados são para esclarecer dúvidas e resolver problemas; não estamos (eu, pelo menos) praticando meditação, autocontrole e paciência. Se o quisesse, iria para um retiro espiritual ou para as altas montanhas do Himalaia.
Sei que posso parecer radical, mas se uma coisa é para ser resolvida, ela deve ser resolvida e pronto. 
E por falar em radicalismo e até mesmo em "inguinóranças", mais um vez me vêm à cabeça a lembrança e a imagem de papai e suas pérolas de sabedoria: "Não tô viçando. Não vou ficar de cara pra cima quem uma paruara besta esperando à toa. Me pópi".
"É, me poupe, pai".
"Oxe. Me pópi, menino".


                                                 


                                        

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