quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Guerreira

                                     


Eu antes tinha muito pique, muita energia. Podia fazer várias coisas e ainda tinha ânimo para muito mais. 
Eu ia ao bairro da Penha, nosso bairro favorito para fazer compras, voltava carregada de sacolas, ia e vinha de buzão, chegava em casa e ainda tinha energia para ajudar mamãe a arrumar, cozinhar, lavar roupas e uma infinidade de outras coisas.
Ia dormir tarde e acordava cedo e com muito ânimo para fazer as coisas.
Hoje já não tenho esse pique todo. Faço as coisas devagar e me canso rapidamente.
Quando arrumo o quarto e finalmente chego ao quintal, já é hora de voltar para o quarto e arrumá-lo novamente. Muito pó e poluição nesse bairro; aliás, acho que em São Paulo inteiro.
Esse cansaço brutal, desesperado, doentio me deixa meio triste. Eu não era assim, eu era tão elétrica, tão ágil e hoje estou tão "macia" (devagar, na linguagem nordestina). A infame da Acromegalia está me roubando as coisas boas que eu gostava de fazer e roubando a vontade de fazer as coisas boas que eu gostava tanto.
É meio maluco o que vou dizer, mas parece que a Acromegalia toma de mim aquilo que me é tão caro e ainda debocha de mim; como quem faz, mostra e joga na cara o que faz.
Doença do caramba!
E eu acho que sou forte. Sim, sou forte. 
Encaro preconceito todos os dias. Gente cutucando umas às outras para olharem para mim como seu fosse muito estranha. Essa gentalha tacanha de pensamento pequeno por acaso tem a vida perfeita?!
Fico triste sim, muito triste, mas a vida continua.
Se me perguntam como estou digo sempre que estou bem; embora não esteja. Embora esteja a ser internamente devorada por culpa, revolta, tristeza, angústia e muita dor.
É meio a personagem G.H, do livro "A paixão segundo G.H" de Clarice Lispector. Tudo está bem, mas não está bem não.
Mas eu sou forte. Sou guerreira.
Sou de Pernambuco.
Sou leão do Norte.
E como dizia minha titânica mãe: "Já comi toucinho com mais cabelo".


                                          


      A bela canção de Fagner diz bastante o que sinto.


Guerreiro Menino Fagner

Um homem também chora
Menina morena
Também deseja colo
Palavras amenas
Precisa de carinho
Precisa de ternura
Precisa de um abraço
Da própria candura
Guerreiros são pessoas
São fortes, são frágeis
Guerreiros são meninos
No fundo do peito
Precisam de um descanso
Precisam de um remanso
Precisam de um sonho
Que os tornem perfeitos
É triste ver este homem
Guerreiro menino
Com a barra de seu tempo
Por sobre seus ombros
Eu vejo que ele berra
Eu vejo que ele sangra
A dor que traz no peito
Pois ama e ama
Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E a vida é o trabalho
E sem o seu trabalho
Um homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata
Não dá pra ser feliz
Não dá pra ser feliz
Não dá pra ser feliz
Não dá pra ser feliz

                                  





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixem comentários, adoro saber o que pensam sobre o blog. Obrigada ;-)