quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O carteiro e o vendedor de pães

                                          


Todas as tardes um rapaz franzino pedalando uma bicicleta com um cesto de pães preso ao bagageiro parava à nossa porta.
Vendia pães. Pães doces, cheirosos, quentinhos; recém saídos do forno.
O vendedor de pães nos oferecia seus produtos.
Mamãe sempre comprava pães desse rapaz mas dessa vez não compraria, não tinha como pagar e ainda esperava o dinheiro de São Paulo chegar.
Todos os dias mamãe ficava no alpendre da casa esperando o carteiro passar para fazer a mesma pergunta: "Tem alguma coisa pra mim?".
O carteiro, vestido em seu uniforme amarelo, dizia: "Hoje tem não senhora".
Mamãe que sempre carregou uma força e esperança enormes no olhar dizia ao carteiro: "Tem nada não. Amanhã é outro dia. Se Deus quiser, terá"
No dia seguinte, o rapaz vendedor de pães para à nossa porta como de costume mas mamãe recusa novamente. O vendedor de pães segue seu caminho.
O carteiro aproxima-se de nossa casa e chama o rapaz dos pães, que volta todo sorridente e já tirando a toalha branquinha que cobria o cesto de pães.
O carteiro diz: "Dona Marlene, a senhora pode escolher os pães, pois o dinheiro de São Paulo já chegou".
O carteiro retira de sua mochila um pequeno pedaço de papel e dava para mamãe assinar. Nem pedia documento de identidade a mamãe; não precisava. Conhecia mamãe e sabia de sua honestidade e sua vida difícil.
O carteiro segue seu caminho e mamãe o cobre de bençãos em nome de Deus e de todos os santos do céu.
Mamãe vai à cozinha e já tem um bule de café forte, quente e cheiroso para acompanhar os pães doces, cheirosos e deliciosos.


                                      

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