quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sopa com farinha

                                    


Papai e seu irmão Manoel Soares moravam em uma pensão na região da Moóca.
Papai sempre falava da Rua Taquari, o mesmo nome da fazenda onde eu nasci. E eu dizia para mim mesma que um dia conheceria essa tal de Rua Taquari.
Bom...
Tio Manoel Soares adaptava-se lentamente aos hábitos alimentares de São Paulo. Estranhava o ritual efetuado durante o jantar servido na pensão.
Após chegarem do trabalho os pensionistas tomavam banho e depois sentavam-se à mesa para jantar.
A senhora dona da pensão servia sopa como o primeiro prato, ou entrada, e depois serviria o prato principal que geralmente era composto de arroz, feijão, carne e salada.
Como a maioria dos pensionistas era de nordestinos, a senhora dona da pensão mantinha um bom estoque de farinha de mandioca em sua despensa.
Tio Manoel senta-se à mesa e repara que todos estão tomando a sopa, inclusive papai. O tio olha para o prato e diz: "E é só isso que tem pra comer, é Dedé? Essa água de lavagem?!"
Papai diz que depois da sopa virá mais comida: arroz, feijão, carne...
Mas tio Manoel prefere não arriscar e pega o pote com farinha que está na mesa e despeja o conteúdo em sua sopa.
Papai olha admirado e pergunta: "Oxe. Mas o que tu tá fazendo, Mané?
Tio Manoel responde: "E tu acha que essa tal dessa sopa é comida, Dedé? O cabra trabalha o dia inteiro e quando chega de noite vai comer isso? Tem que botar bem muita farinha que é pra dar sustança!".
Quando terminou de comer sua sopa com farinha, tio Manoel estava com a barriga cheia de mais para comer o prato principal que a dona da pensão iria servir: arroz, feijão, carne e salada.


                                   

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