quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Pintura

                                           


Toda época natalina papai ficava em férias coletivas e só retornava ao trabalho no ano seguinte. Papai sempre foi inquieto e gostava de procurar pelo em ovo. Sempre inventava o que fazer, alguma coisa para arrumar, consertar; mas geralmente ele mais estragava do que arrumava.
Era hábito tradicional a pintura das paredes da casa para as comemorações de fim de ano. Papai e mamãe diziam que era época de renovação e era importante pintar a casa com cores novas para receber os bons fluídos do ano vindouro.
Mas o problema era o gosto e o dom artístico de papai ao escolher as cores que pintariam nossa casa. Aquilo parecia o samba do afrodescendente com problemas mentais (samba do crioulo doido).
Papai pintava cada cômodo da casa com uma cor diferente. Fica tudo muito colorido e chamativo e nós detestávamos quando alguém fazia comentários bobos sobre a pintura extravagante de nosso lar doce lar.
Papai pintava o quarto de azul, a sala de amarelo, o banheiro de branco e o lado de fora da casa com um rosa chocante. A cozinha era um episódio à parte. Jesus.
A parede era dividida em duas cores e dois tipos de tinta: tinta comum e tinta óleo.
A parte de baixo foi pintada com um verde bem escuro e oleoso e a parte de cima com um amarelo canário. Parecia coisa da Copa do Mundo..."Brasil, Brasil, salve a seleção".
Algumas pessoas educadas diziam que ficou legal, bonitinho, diferente. Outras mais engraçadinhas perguntavam se papai já estava se preparando para a Copa do Mundo. Não disse?!
Nossa casa era a mais colorida da rua e quiçá do bairro.


                                          

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