segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Desabafo de uma Acromegálica


                                  




Fui ao ortopedista levar exames  e foi confirmada a artrose em meu joelho direito.
Comprei o remédio pedido por ele e nesta semana será aplicado diretamente no meu joelho.
Sou relativamente jovem para esse tipo de problema, mas a Acromegalia não escolhe idade.
Tenho tido muitas dores que se espalham pelo corpo e isso vem ocorrendo já há um mês. 
É dor no pé com inflamação no osso com nome de político (tarso), é dor devido a inflamação no nervo ciático, é dor no joelho, é dor de cabeça. Esta última me preocupa mais.
Ontem passei muito mal e até pensei em ligar para minha irmã para me levar ao hospital. Mas era madrugada e eu não queria atrapalhar o sono dela e de sua família e nem do meu irmão Fubá e de sua família, principalmente da pequena e preciosa Rafaela.
Foi tanta dor que me fez vomitar. Uma pressão absurda na minha cabeça na região da nuca e que fez perder sangue pelo nariz.
Tomei os remédios e voltei para a cama. Elevei o travesseiro para ajudar com o sangramento nasal. 
Começo a me distanciar e a entrar lentamente no mundo do sono, mas essa minha tão desejada e necessitada viagem foi interrompida - como sempre - pelos latidos incessantes da cachorrada da rua. E como se isso não bastasse, o moleque sem educação do vizinho fica acordado até tarde, fala muito alto, as irmãs gritam mais alto ainda e ele tem o saudável hábito de jogar video game até altas horas. O outro vizinho inventou de arrumar um cachorrinho que late pra caramba. Um outro vizinho arrumou um galo que canta a hora que a inspiração lhe invadir a alma, o coração e a goela. 
Estamos cada vez mais nos tornando uma sociedade barulhenta, egoísta e sem educação.
Amanhece o dia e o barulho continua; agora é a vez dos rapazes que aguardam os  caminhões ficarem prontos para poderem sair (já falei sobre eles aqui).
Às sete horas ouço as vozes dos varredores de rua da Prefeitura e eles tocam a campainha para oferecer seus serviços: cortar o matinho que cresce na calçada e próximo ao portão em troca de algum dinheiro. Só que esse matinho é comido por minha gata Aurora quando ela comete exageros "racionais".
Ignoro a campainha mas os varredores insistem e tocam incessantemente e chamam em voz alta. Não sou surda! 
Que falta de educação! 
Acredito que são pagos para fazer o serviço que estão fazendo e não me incomodaria dar um trocado, mas não às sete horas da manhã e após uma terrível noite de insônia e dor. Pelo amor de Deus!
A falta de educação e de respeito estão cada vez maiores.
Não consigo dormir e me levanto para cuidar da higiene e alimentação dos meus gatos.
Não tomo café da manhã, não consigo comer e meu estômago também me incomoda.
Tomo banho e vou ao laboratório buscar meu exame para depois levá-lo ao médico. Mais uma vez sou olhada, observada, escrutinada como se fosse de outro planeta.
Chego ao endereço do consultório e estaciono na vaga reservada para deficientes físicos, mas tem muito deficiente de caráter que estaciona na vaga "só por uns minutinhos". É muito difícil achar a vaga que é minha e das pessoas que também têm o direito a ela; tem sempre um engraçadinho com seu carrão estacionado.
Manobro para colar o carro entre dois carros enormes e quando estou terminando, um carro encosta lateralmente e o simpático motorista diz: "Essa vaga aí é de deficiente, dona".
Não falei nada, apenas mostrei meu Cartão Defis. O cara ficou na dele. 
Suave.
Vou à outra clínica médica e estaciono o carro na vaga de deficiente físico. O manobrista pede para eu deixar as chaves. Deixo. Quando volto o carro está em uma vaga comum e as três vagas especiais estão vazias. Por que ele tirou o carro da vaga? Vai entender...
Amanhã vou à Farmácia Alto Custo e deixarei o carro na rua para correr o risco de ser arranhado como já foi. Há várias vagas para deficiente físico, mas estão fechadas por correntes com cadeados. Perguntei ao segurança que fica na entrada do prédio porque aquelas vagas estão bloqueadas e ele diz que é "Pro pessoal não folgar". Ah tá.
E as pessoas que têm mobilidade reduzida terão que "folgar" em vagas distantes da entrada e ter que dar uma boa caminhada até o prédio. Legal, né?
Que país é esse? Um país que quer entrar para a elite do primeiro mundo mas que a educação do seu povo está mais para o mundo inferior. 
Mas também não é de se estranhar muito, não é? 
Um país que elege um palhaço semianalfabeto e ainda entrega-lhe a Pasta da Educação.
Um país que elege como imortais nas ABL - Academia Brasileira de Letras -  um político dinossauro e um pseudo mago e ainda confere medalhas de não sei das quantas para um jogador de futebol dentuço que adora dar festas barulhentas. 
E Mario Quintana (sem acento mesmo, como foi registrado em cartório), "o poeta das coisas simples", nunca recebeu os votos necessários para ser membro da ABL. Quem perde é a própria ABL.
Que país é esse?
                                  
Mario Quintana
                                               
                                         









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