segunda-feira, 14 de novembro de 2011

(Im)perfeição


                                


Dias desses voltava de mais uma consulta médica e o pensamento envolto em dezenas de coisas e problemas a resolver.
Contas atrasadas (não estou pagando nem promessa!), mais remédios para comprar, mais exames para fazer. 
Graças a Deus não precisarei fazer exame de líquor. Mesmo com a nuca anestesiada sinto o movimentar da agulha dentro do meu crânio. É mais agonia do que dor.
Dirigindo de volta para casa e pensando; falando com Deus, para ser mais honesta:
"Deus, por que eu, mano? Na boa, o que foi que eu fiz? Se estou pagando por erros cometidos em outras passagens por aqui, já devo ter pago pelo menos uns 99.99% da dívida; juros incluso! Tá, eu sei que tem gente em situação muito pior e eu peço que Você dê uma aliviada no problema delas e Te agradeço por estar viva...Mas, Deus, por que uma doença fia duma égua manca que me deixa com essa aparência que as pessoas acham masculinizada? Eu não acho, mas se as pessoas e a torcida do Corinthians acham, o que posso fazer? Tinha que ser Acromegalia mesmo? Não poderia ser apenas unha encravada, espinhela caída, hemorroida e até um chulézinho básico?! Mas não. Tinha que ser a Acromegalia para me deixar hipertensa, diabética, com pezões, mãozonas, rosto grande, artrose e sofrer com olhares de ignorância e preconceito. P...Deus! Se eu ainda fosse jeitosinha talvez os efeitos desfigurantes da Acromegalia nem fossem tão evidentes, mas como não sou nenhuma mulher fruta e desfrutável....Estou mais para mulher cirurgia. 
Ave Maria!".
Beleza.
Pego o acesso para a Marginal Tietê e estou me aproximando da minha rua. Entro na rua e diminuo a marcha; vejo uma carreta gigante sendo manobrada. A manobra é difícil, a carreta é enorme e o espaço é pequeno.
O motorista da carreta para a manobra e me da sinal para passar; eu dou sinal para ele continuar, pois fiquei encantada com aquele trabalho e com certo dó do caminhoneiro. (já falei que é substantivo masculino?).
A manobra termina, a carreta é estacionada e o motorista vem em minha direção para me agradecer. Educação no trânsito não é uma grande preocupação das pessoas. Infelizmente.
Reparo que o motorista manca e ao chegar mais perto vejo que tem uma das pernas e pé deformados. 
"Deus, desculpa aí a aporrinhação. Esse homem com seu pé e pernas imperfeitos consegue controlar uma carreta enorme dessa e eu com meus pés e pernas perfeitos não conseguiria colocar nem um fusca aí dentro!".
Perdão pela minha falha de caráter.
Marginal Tietê
                                                       


                                                     

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixem comentários, adoro saber o que pensam sobre o blog. Obrigada ;-)