segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Piolhos



Houve uma época em que estávamos empesteados de piolhos.
Mamãe cortava nosso cabelo o mais curto possível, cuidava, colocava remédio, mas mesmo assim não conseguíamos nos livrar desses insetos nojentos.
E nem tinha como; mamãe como todos os seus cuidados e nós ignorando seus conselhos e brincando com a molecada da rua e da escola e todos naturalmente piolhentos.
Em casa tinha inseticidas que eram usados para matar muriçocas, baratas, pulgas e insetos dessa categoria. Na época esses inseticidas vinham em latas e o líquido era despejado em bombas de spray chamadas "Fritz" e depois aplicados nos cômodas da casa.
Mamãe pensou e chegou à seguinte conclusão: se esses inseticidas matam  insetos então serviriam também para matar piolhos. Piolho também era inseto, não era?
Mamãe despejava o conteúdo do inseticida nas nossas cabeças e ficávamos durantes horas com os cabelos ensopados com aquele líquido fedido que nos deixava tontos. 
Era uma coisa quase insuportável. Uma agonia mesmo. Coçava, irritava o couro cabeludo e não sei quem ficava mais agoniado com aquilo, nós ou os piolhos.
Depois tomávamos banho, mamãe olhava nossas cabeças e nos mandava para a escola. 
Na sala de aula disfarçávamos a coceira e aguentávamos o máximo que podíamos. Quando não dava mais para aguentar, pedíamos para ir ao  banheiro e lá dentro nos entregávamos ao prazer de coçar a cabeça com as duas mãos ao mesmo tempo! Era um alívio! Um prazer!
Mas esse alívio tinha duração muito curta e alguns minutos depois voltava a coceira. 
E lá íamos nós para o banheiro de novo. 









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