terça-feira, 1 de novembro de 2011

Cream Cracker/ Cremi Cráqui

Ou bolacha de água e sal. Nunca soube a diferença.
Mas não dizíamos "cream cracker"; é muito complicado enrolar a língua para pronunciar a palavra, então a adaptamos para a pronúncia do português brasileiro e ficou "cremi cráqui!.
Mãevelha preparava um forte e cheiroso café, punha a mesa e chamava meu avô:
"João, chega meu velho. O café tá mesa e tem as bolachas cremi cráqui que tu tanto gosta".
Paipreto sentava-se à mesa, despejava o forte e cheiroso café no xicrão e comia as bolachas "cremi cráqui".
Paipreto me chamava: "Chega aqui minha filha, vem comer uma bolacha com teu avô".
Mãevelha protestava: "A menina tá brincando no terreiro, João. Se tu chama, ela não vai te deixar comer sossegado. Tu sabe que ela não come, só faz arte. E tu parece que gosta de ver essa danada fazer arte, não é, João?".
Paipreto me chamava outra vez. Eu entrava correndo em casa e ia direto para os braços do meu avô. Sentava-me em seu colo e já tinha uma xícara de café e um prato com bolacha "cremi cráqui" para mim.
Mas eu queria  a bolacha e o café do xicrão de Paipreto.
Mãevelha mais uma vez protestava: "Eu não te disse João, que essa moleca só quer fazer arte e não vai deixar tu comer sossegado? Mas eita homi ateimoso, meu Padim Ciço do Juazeiro!".
Paipreto não dava atenção aos protestos de Mãevelha e me deixava beber seu café e comer suas bolachas.
Eu molhava as bolachas no café e comia. Paipreto depois tomava aquele café com pedaços de bolacha flutuando.
Não havia nem café nem cremi craqui mais gostosos como os de Paipreto.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixem comentários, adoro saber o que pensam sobre o blog. Obrigada ;-)