quarta-feira, 16 de novembro de 2011

P de Vingança



Parque Catimbau - Buíque PE
                                            
Viajamos para Pernambuco; papai, mamãe, Renata, Demetrius, Marcos Paulo  e eu.
Passamos as festas de fim de ano em Buíque, na casa de tia Antonia.
Papai dormia no quarto com o neto enjoadinho da tia.
Ficamos bastante tempo em Buíque; tempo suficiente para papai ficar cismado com o neto manhoso e folgado de tia Antonia.
Papai dizia: "Esse neto de dona toinha é muito enjoadinho. Não topo com ele de jeito nenhum".
Verdade. O moleque não cumprimentava ninguém e se achava o rei da cocada preta.
Além de se encher com as frescuras e falta de educação do moleque, papai também se encheu com a deliciosa e rica comida pernambucana. Era muito queijo, carne de sol, frutas, carnes, tapiocas...
O resultado dessa mistura gastronômica foi uma poluição-tóxico-gasosa- aérea- ambiental, digna de multa pelo IBAMA.
Após anos acostumados à gastronomia paulistana, nossos estômagos demoravam alguns dias para se adaptar à culinária pernambucana. O processo dessa adaptação consistia em muitas idas ao banheiro e em emissão de pesados gases na atmosfera da casa de tia Antonia. 
A vantagem dessas emissões é que não ficava uma muriçoca (pernilongo) viva para contar a história. Além de uma riqueza cultural e gastronômica, Pernambuco também é riquíssimo em muriçocas.
No domingo de Natal mamãe as filhas de tia Antonia preparam a mesa para o almoço natalino. A mesa era farta; com vários pratos doces e salgados.
Todos sentam à mesa para o almoço. Tia Antonia chama o neto fresco que faz dengo para comer. Quer saber o nome de cada prato, como foi preparado e quem preparou.
Papai irrita-se com aquela frescura toda.
Terminado o almoço vamos dar uma volta na cidade com a desculpa de fazer a digestão, mas nossa intenção é falar mal do moleque folgado, fresco e manhoso sem que ninguém nos ouça.
Papai diz: "Vocês viram que moleque mais chato? Botava defeito em tudo. Se quer comer coma, se não: Lasque-se!".
Nós concordamos com papai em número, gênero e grau.
Papai continua: "Mas pode deixar que essa noite eu vou me vinga dele!"
"Como, pai?"
"Tô aqui com o bucho cheio e posso garantir que ele não vai aguentar meus peidos".
Voltamos para casa. 
A noite chega e nos preparamos para dormir.
As luzes são apagadas e faz-se silêncio.
Mas o silêncio é interrompido pelo zunido das muriçocas e pelos sonoros peidos de papai.
Papai finge que dorme para poder ver a reação do neto metido de tia Antonia.
O neto cobre a cabeça numa tentativa de escapar ao ataque gasoso odorífico. Mas o cheiro é insuportável. O neto levanta-se e vai deitar no sofá da sala. O pobrezinho não aguenta o cheiro. 
Papai ri vitorioso. Missão cumprida! 
Papai tem o quarto só para si; nem as muriçocas aguentaram ficar.
P de vingança.


                                              


                                   



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