terça-feira, 22 de novembro de 2011

Preconceito & Paz - Santos x Sport Recife

                                




Julho de 2009. 
Apenas dois meses após a cirurgia de coluna (2 hastes e 21 parafusos de titânio).
Minha prima Rosa, filha de tio José de Recife, vem a São Paulo para uma visita. Ficará alguns dias e trouxe consigo o marido e mais dois casais de amigos.
Ela e o pessoal vão à Rua 25 de março comprar bugigangas baratinhas e nós sugerimos uma viagem a Pedreira e a Serra Negra.
Adoro Pedreira e suas ruas de comércio e artesanato.
Sabia que o nome da cidade de Pedreira foi escolhido assim devido ao grande número de homens chamados Pedro? Era muito Pedro, era uma Pedreira.
Voltamos a São Paulo e os primos visitantes querem ir à Vila Belmiro em Santos para assistir ao jogo Santos x Sport Recife.
Viajamos até a cidade praiana e enquanto esperamos a hora de ir para o estádio, fazemos comprinhas básicas e visitamos o Aquário de Santos.
É chegada a hora do jogo e saímos um pouco antes para comprarmos os ingressos.
Rose e Pedro compram cadeiras cobertas para um maior conforto e segurança da pequena Beatriz que não tinha ainda dois anos de idade. Eles querem que eu vá junto com eles, pois estão preocupados com meu bem estar físico pós-cirúrgico. Mas eu recuso, quero ir aonde o povo está (não queria ficar com a torcida do Santos e sim com a do Sport Recife. Oxe!).
Rosi, Pedro e Beatriz ficam na parte coberta e mais civilizada e o restante do pessoal (Fubá, Preta, minha prima, o marido, os dois casais e eu) ficamos na arquibancada com a torcida do Sport Recife.
Na época o estádio passava por algumas pequenas reformas e o placar luminoso estava quebrado.
Entramos e nos acomodamos o mais confortavelmente possível nos duros degraus de cimento da arquibancada descoberta. Garoava.
Pegamos nossas bandeiras do Sport Recife e do estado de Pernambuco e logo iniciam-se as provocações: "Aí, torcida de meia dúzia de paraíba comedor de farinha. Voltem para a portaria do prédio. Voltem pra Paraíba, seus cabeças chatas".
Estávamos nos portando educadamente, mas não podíamos ficar calados às provocações preconceituosas. Paraíba e São Paulo ficam no mesmo país: Brasil.
Fubá responde às gracinhas dos torcedores adversários e nós, claro, o ajudamos de muito bom grado:
"Não é Paraíba, é Pernambuco. Seu analfabeto! Não sabe geografia, não? Volta pra escola, seus piolhentos!", disse Fubá.
"E vocês são tão bestas que nem cuidam do estádio. Olha aqui, vou dar dois reais para ajudar a comprar um novo placar, seus filhos duma quenga!", disse um dos rapazes do nosso grupo enquanto tira a nota do bolso e balança em direção à torcida do Santos.
"Vai, vai, volta pra Paraíba. Pernambuco e Paraíba é tudo a mesma coisa. Vão pra casa comer rapadura com farinha!".
Fubá escolhe um gordinho para fazer chacota: "E você, seu gordinho f.d.p. Você é a baleia do Santos!".
"Seus bestas. Seus preconceituosos. Nós temos belas praias bem perto de casa e vocês têm que ficar preso mais 3 horas no trânsito pra poder achar uma prainha meia boca!".
Finalmente começa o jogo. Placar de 0x0 e exatamente nos 47 minutos do segundo tempo o  time do Santos marca 1x0. 
P. Q. P!!!!
Beleza. 
Voltamos para o hotel rindo muito. Apesar da troca de ofensas leves, nos divertimos muito. Não cometemos quase nenhum tipo de violência; talvez a violência verbal, mas foram eles que começaram!
O importante é a diversão, a alegria. 
Paraibanos, Paulistanos, Pernambucanos, Gaúchos, Cariocas, Mineiros e todas outras naturalidades fazem parte de um único gigantesco e belo país; o Brasil. 
Cada um com seu sotaque, sua cultura, seu futebol. 
Paz no futebol.
Paz a todos nós: gordinhos, magrinhos, sulistas, nortistas: brasileiros.


                               



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