domingo, 29 de janeiro de 2012

Alma

                                            


Houve uma época de muitos forrós em nossa casa. Começava na sexta-feira e só terminava no domingo; se tivesse feriado prolongado, então.
Essas festas varavam noite adentro ao ritmo de muito forró, estilo musical tipicamente nordestino.
O rala bucho estendia-se animadamente e ninguém parecia se cansar. Se pedíssemos para desligar o som, ouvíamos: "Oxe. Mas tá bom demais. Deixe só mais um bocadinho".
Fubá queria dormir e cansou de esperar; deitou-se no sofá e adormeceu mesmo com todo o barulho.
Em um determinado momento, um odor insuportável invade o ambiente, a música para e as pessoas param de dançar e começam a olhar para os próprios sapatos. Pensam que pisaram em alguma coisa podre.
Um vizinho percebe que o forte cheiro vem do sofá, mais exatamente da bundinha de Fubá. 
Ouvimos vários comentários: "Vixe Nossa Senhora, o que foi que esse menino comeu?!"
O vizinho espera sua vez e diz para papai: "Tio, pode cuidar da alma que o corpo tá podre".
Fubá não gostou muito de ouvir isso.


                                             

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