sábado, 28 de janeiro de 2012

Ônibus

                                       


A seca mais uma vez assolava o Nordeste.
Saímos da Fazenda Taquari e nos mudamos para Gravatá, que ficava mais perto de Recife e da ajuda de tio José.
Mamãe escreve para seu irmão Manoel, que morava em São Paulo, e ele sugere que nos mudemos para lá também.
Não dava para todos nós irmos, então foi decidido que papai iria na frente e depois que estivesse trabalhando mandaria o dinheiro de nossas passagens.
Além do mais, Paipreto estava velhinho e doente e não aguentaria a longa viagem de três dias.
Papai compra a passagem, arruma a mala muito simples e feita de papelão grosso e nela coloca algumas poucas peças de roupas eu um par de alpercatas (sandálias de couro).
Mamãe prepara uma sacolinha com comida para papai comer durante a longa viagem.
Em uma lata de leite vazia, mamãe coloca farinha de mandioca e uns pedaços de galinha frita. Era tudo o que tinha.
Papai parte. Choramos.
Papai vai em busca de dias melhores para a família.
Mamãe lança seu poderoso olhar aos céus e pede a Deus que acompanhe papai na viagem.
O ônibus segue viagem e entra no estado da Bahia; é noite e chove muito.
Estradas escorregadias; o ônibus derrapa, capota e cai numa ribanceira.
Papai dormia e acorda com barulho e o movimento do ônibus capotando.
A lata com farinha e galinha frita estava no compartimento superior de bagagens e cai na cabeça de papai, que sangra.
Papai fica atordoado, não sabe o que fazer  e tenta entender aquela comoção toda: gente chorando, gritando, luzes e sirenes de ambulâncias, carros da polícia e bombeiros.
Todos os passageiros são atendidos e aqueles que não se machucaram gravemente seguem viagem em outro ônibus.
Papai chega a São Paulo são e salvo.
Deus tinha ouvido o pedido de mamãe.


                                                        

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