sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Padaria do Português

                                                


Antigamente o comércio de nosso bairro era bem precário, e para falar a verdade, não mudou muito não.
Havia apenas dois supermercados e uma padaria próximos à nossa casa e por esse motivo sempre comprávamos nos mesmos lugares.
E esses estabelecimentos comerciais não ficavam assim tão próximos não; era preciso fazer uma boa caminhada.
Aos domingos de manhã papai mandava Naldão e Rogério à padaria do Português para comprar bengalas (baguetes), leite, pão doce e cigarros.
Eles iam e voltavam sorridentes, felizes e esbaforidos. Não sabíamos o porquê, até que um dia o Português da padaria encontra meu primo João nas imediações e fala para ele: "Aqueles dois putos (garotos) primos teus estão saindo sem pagar a conta. Eles fazem o pedido, recebem os pacotes e saem correndo a pinote. Ninguém pega eles".
"Oxe, mas minha tia e meu tio dão o dinheiro para eles comprarem as coisas e posso lhe garantir que eles não sabem disso não".
João chega em casa e conta tudo a papai e a mamãe que esperam Naldão e Rogério voltarem da escola. Mamãe pede explicações e Rogério diz: "Oxe, a gente fica esperando em frente ao caixa com o dinheiro na mão para pagar a conta, mas o Português não sai do telefone! Oxe, não vou esperar não. A gente finge que vai pagar a conta e sai correndo, né Naldão?"
E com essa declaração contundente descobrimos porque Naldão e Rogério sempre tinham dinheiro para comprar doces, salgados e gelinho na escola.
Tempos depois o problema se repete e dessa vez é com Renata e nossa prima Valéria.
Naldão e Rogério já estão rapazes e não tem mais coragem e preparo físico para a maratona Padaria do Português/Casa.
Uma tarde Rogério passa na padaria e o Português pergunta: "Por acaso aquela garotinha gordinha e aquela outra banguela são tuas parentas?"
"A gordinha é minha irmã e a banguela é minha prima. Porquê?"
"Por que elas estão pegando sorvetes e saem correndo sem pagar".
Rogério chega em casa e conta a mamãe e Renata acusa Valéria e Valéria acusa Renata pela ideia dos furtos de sorvetes.
Mas na verdade Renata ficou mais brava por ser chamada de gordinha do que pela descoberta de seu crime propriamente dito.
"Gordinha é a avó dele!".
"É, mas você é gorda mesmo, Renata"
"Mas pelo menos não sou banguela!".


                                                

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