quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A mala era um saco e o cadeado era um nó

                                            


Mamãe usava muito essa frase, que é letra de uma música de Luiz Gonzaga, quando ia contar as histórias e os causos de pessoas que deixavam o Nordeste em busca de uma vida melhor em São Paulo.
Era uma referência à simplicidade dos pertences que os retirantes nordestinos traziam consigo. Não havia muito o que trazer, o pouco que tinham fora vendido para poder conseguir algum dinheiro e comprar a passagem de ônibus para São Paulo e deixar algum com a família que ficaria a aguardar esperançosa.
Às vezes viajam de "pau de arara" e assim economizavam o pouco que tinham.
A bagagem desses humildes retirantes consistia numa "pareia" (par) de roupas, num par de alpargatas (sandálias que eram chamadas de "oprecatas"), uma toalha de banho e um cobertor muito fininho e simples que era conhecido pelo singelo e sugestivo nome de "abafa peido".
Não havia necessidade de mala, chaves e cadeados. Nada disso.
Porque a mala era um saco e o cadeado era um nó.


Pau de Arara
                                          

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