quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

São Paulo

Avenida Paulista, a mais paulista das avenidas
                                        


Nos preparávamos para viajar a São Paulo.
Meu avô Paipreto falecera e não havia mais sentido em continuar sofrendo naquela seca; a sobrevivência estava cada vez mais difícil.
Papai estava há alguns meses em São Paulo e tinha um emprego e esperança de dias melhores para a família na capital paulistana.
Mamãe organizava tudo aos poucos.
Embarcamos no ônibus. Mamãe, Mãevelha, meus irmãos Rogério e Naldão e eu. 
Foram três longos dias de viagem. Naldão era muito pequeno, frágil e doente e passou mal durante todo o tempo.
Mamãe e Mãevelha não viam a hora de chegar, o cansaço consumia as poucas energias que tinham. 
Eu ouvia curiosa a conversa delas e pensava comigo mesma: "Como será esse São Paulo?".
O ônibus vem pela Via Dutra; olho pela janela e me encanto com os altos eucaliptos na beira da estrada. 
Chove muito, o céu cinza. Os ventos balançando as árvores.
Me admiro com o intenso trânsito em estrada tão estreita. São carros, ônibus, caminhões e gente que arrisca a vida atravessando apressadamente aquelas perigosas pistas.
O ônibus deixa a Via Dutra e segue em direção à região central de São Paulo, onde ficava a antiga rodoviária. Mais carros, mais gente, mais chuva.
Pessoas caminhando apressadamente. São Paulo não para.
Prédios altos, automóveis. São Paulo cresce.
Chuva, céu cinza, vento frio. São Paulo, terra da garoa.
Descemos do ônibus e nossa prima Ivone já nos esperava. 
Mamãe, Mãevelha e a prima ocupam-se com as bagagens.
Na calçada, em meus pequenos seis anos completados durante a viagem, olho admirada e encantada aquela São Paulo tão grande, com sua gente apressada, seus automóveis velozes, seus prédios altos, seu céu cinza, sua chuva, sua garoa.
Adoro São Paulo quando chove, quando fria, quando cinza. 
Meu Santo São Paulo.
Era março, mês de meu aniversário, mês das chuvas, mês das águas.
"...São as águas de março fechando o verão, é promessa de vida no teu coração".
Em São Paulo mamãe e papai trabalharam tanto por uma vida melhor.
Em São Paulo nasceram mais três filhos para completar o sexteto de Dona Marlene e Seu José.
Em São Paulo chegamos, nascemos, crescemos, multiplicamos.
São Paulo de oportunidades, de portas abertas.
São Paulo de tantas culturas, de tanta gente diferente que luta por coisas iguais.
São Paulo de pau e pedra.
São Paulo de pedra e cal.
São Paulo fazendo a ponte do progresso nacional
Deus abençoe esse meu Santo São Paulo de mamãe e de todos nós.
É nóis!


Antiga Rodoviária de São Paulo (Bairro da Luz, região central)






                                            

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